CONTÁGIO CEREBRAL
Quando as pessoas estão em grupo, intera
gindo umas com as outras, os seus cérebros tendem a sincronizar-se e a reagir da mesma maneira. Umadas formas mais características de reacção do cérebro humano é sincronizando-se com outros cérebros, defende a investigadora Tali Sharot, do University College de Londres, que tem estudado a forma como o cérebro responde emocionalmente no dia-a-dia. No livro ‘The Influential Mind’, Sharot descreve uma experiência levada a cabo na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, na qual através da técnica da ressonância magnética se observou os cérebros de várias dezenas de pessoas que assistiam aumdiscurso político. Os registos obtidos mostraram a sincronia existente entre os cérebros. Ao mesmo tempo, os cérebros das diferentes pessoas presentes tinham as mesmas reacções; os registos cerebrais eram similares.
A sincronia colectiva dos cérebros pode significar algo mais do que umsimples, e ainda assim complexo, alinhamento linguístico ou cultural. Pode haver algo aumnívelmagnético ou químico.
Por outro lado, na comunicação digital em grupo, emque as pessoas estão emespaços diferentes e longe umas das outras, a sua disposição, o seu estado emocional, parece também ser contagioso.
Há alguns anos foi levado a cabo um estudo sobre a comunicação nas redes sociais. Cerca de 500 mil pessoas, utilizadoras regulares do Facebook, foram alvo de estudo quanto à publicação dos seus ‘posts’, publicações de texto ou de fotografias, que cada uma fazia na sua página pessoal darede social. Os investigadores concluíram que os utilizadores que liam mais ‘posts’ positivos tinham maior propensão a escrever e a partilhar conteúdos positivos, enquanto os outros, os que liam mais ‘posts’ negativos, publicavam também com mais frequência ‘posts’ negativos.
Em 2015, um outro estudo relacionou o uso do Twitter com um maior ritmo cardíaco. Quanto mais mensagens se escreve no Twitter mais envolvimento emocional se experimenta; mais batidas do coração, mais transpiração e mais as pupilas se dilatam.
Concluindo, a comunicação emgrupo, presencial oudigital, parece de facto levar a algumasincronização dos cérebros das pessoas em causa, das suas maneiras de sentir e de pensar, isto, seja por motivos comunicacionais, linguísticos, culturais ou mesmo biológicos. Existe umatendênciaclaraparaos cérebros de quem interage, no mesmo local ou em locais diferentes, seguirem os mesmos padrões.
Tali Sharot, ainvestigadora que citámos acima, diz, no entanto, que o facto de sabermos que as coisas se passam deste modo é importante. Pode ser precisamente essainformação, o conhecimento de que existe uma tendência para o contágio e para a sincronia cerebral, que nos pode dar uma maior capacidade de distanciamento das dinâmicas grupais e, por isso, ummelhor controlo emocional.
Em grupo, física ou digitalmente, os cérebros tendem a sincronizar-se