Correio da Manhã Weekend

ASCENSÃO E QUEDA DE BORIS BECKER, QUE FOI NÚMERO 1 DO MUNDO

Chegou a ter uma fortuna de quase 200 milhões de euros, mas hoje está falido e até viu a sua casa ser invadida por okupas

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Uma foto publicada na rede social Facebook mostra um homem de costas e sem roupa dentro de uma piscina de água esverdeada e cheia de lixo, onde um dia o tenista Boris Becker mergulhou em águas azuis límpidas. Son Coll, situada em Artà, em Maiorca (Espanha), era uma mansão de sonho em 1995 quando o tenista a comprou por 500 mil euros, mas hoje está nas mãos de uma comunidade de okupas, que invadiu a propriedad­e de 2900 metros quadrados – com piscina, court de ténis, ginásio e estábulos – e ali tem vivido. A villa onde viveu o tricampeão de Wimbledon antes do divórcio da primeira mulher chegou a estar no mercado, em 2007, por 15 milhões de euros, mas nunca chegou a ser vendida, até porque esteve envolvida em processos judiciais referentes a obras ilegais e dívidas a fornecedor­es. A mansão maiorquina que os okupas invadiram é apenas

um dos problemas que Boris Becker, uma das mais bem sucedidas estrelas do ténis, cuja fortuna chegou a estar avaliada em 173 milhões de euros, enfrenta. A situação é de tal forma crítica que no ano passado lançou um apelo desesperad­o para encontrar cinco dos seis troféus do Grand Slam que conquistou nos anos áureos de uma carreira que ficará na história – e aos quais perdera o rasto – para poder vendê-los e usar o dinheiro para fazer face à situação de insolvênci­a. A leilão levou também relógios, camisolas e até meias, mas a situação continua a degradar-se.

O princípio do fim

Em junho de 2017, quando o célebre tenista – ganhou 49 títulos individuai­s e 15 de pares, que lhe renderam 22 milhões de euros – foi declarado falido por um tribunal londrino. A conservado­ra, que recusou o pedido de Becker para prolongar o prazo de pagamento da dívida, disse estar perante “um homem com a cabeça enterrada na areia”.

“Ele não é um indivíduo sofisticad­o no que respeita a finanças”, comentou o advogado do tenista durante uma audiência de insolvênci­a pedida por um banco junto do qual o ex-campeão falhou um pagamento de 2,6 milhões de euros.

Ao longo dos anos, Boris Becker comprou concession­árias de automóveis, fundou um canal de televisão com o seu nome (no qual expunha a sua vida privada numa espécie de ‘Big Brother’), investiu em dezenas de ideias e pagou divórcios dispendios­os. Só num processo de paternidad­e (da terceira filha, Anna, fruto de um rápido encontro com uma modelo na casa de banho de um famoso restaurant­e em Londres) gastou 3,5 milhões de euros. “Foram os cinco segundos mais caros da minha vida”, disse o tenista referindo-se à investigaç­ão de paternidad­e, ele que viria a reconhecer a filha. Esta traição ditou o fim do primeiro casamento e levou a que mais 22 milhões de euros saíssem da conta de Becker para a da primeira ex-mulher.

Já se viu que o antigo tenista alemão tem um historial de vários apuros financeiro­s. Em 2001 acumulou uma dívida de sete milhões de dólares em impostos na Alemanha e um processo de 2002 rendeu ao tenista uma condenação de dois anos em liberdade condiciona­l e uma multa de 500 mil euros por evasão fiscal no valor de dois milhões de euros.

Mas, segundo a revista alemã ‘Der Spiegel’, a grande causa do fracasso financeiro de Boris Becker não foram os desaires acima citados: foi o facto de o tenista ter investido tudo o que tinha no mercado energético nigeriano, entrando em negócios “mediados por líderes africanos e bilionário­s indianos”, investimen­tos concretiza­dos através de uma empresa que detinha uma quota significat­iva nas reservas de petróleo da África Ocidental. Estes investimen­tos, que chegaram a ser feitos em tranches de 10 milhões de dóla

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