Correio da Manhã Weekend

ESPECIAL: PEDRÓGÃO.

Obras de reconstruç­ão podem continuar apesar de o fundo R evita ter ‘fechado a torneira’ até haver decisão do Ministério Público Em causa deverão estar dez empreitada­s

- MANUEL JORGE BENTO NOTÍCIA EXCLUSIVA DA EDIÇÃO EM PAPEL

PASSADOS DOIS ANOS SOBRE A TRAGÉDIA DOS FOGOS EXISTEM PAGAMENTOS PARA RECONSTRUÇ­ÃO SUSPENSOS.

Opagamento de todas as empreitada­s de reconstruç­ão de casas no concelho de Pedrógão Grande que foram afetadas pelo incêndio de 2017, e que estão em execução ao abrigo do fundo Revita, foi suspenso, até que o Ministério Público conclua se houve ou não irregulari­dades nos apoios concedidos, no âmbito do inquérito judicial das ‘Casas da Vergonha’. Em causa estarão 10 empreitada­s - é o número de obras em execução que consta do último relatório divulgado

pelo fundo, que remonta a abril. Já na altura, outras quatro empreitada­s tinham sido suspensas naquele concelho, além de numa outra propriedad­e em Castanheir­a de Pera.

Dois anos após a tragédia que provocou 66 mortes - assinalado­s amanhã -, a polémica em torno dos apoios às reconstruç­ões mantém-se. “Consideran­do que, na validação de pedidos de pagamento, não poderão existir quaisquer dúvidas, a comissão técnica [do Revita] propôs a suspensão transitóri­a dos pagamentos das reconstruç­ões financiada­s pelo fundo em habitações do concelho de Pedrógão Grande, até ao despacho do Ministério Público no âmbito do processo de investigaç­ão em curso”, revela o conselho de gestão do Revita ao CM.

Assim, o dinheiro pára de sair. Mas as obras podem continuar, umavez que “taldecisão reside na esfera dos proprietár­ios beneficiár­ios dos apoios”, indicaa mesma fonte ao Correio da Manhã.

O inquérito tem, neste momento, 43 arguidos - entre os quais Valdemar Alves, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande. Partiu da lista das 46 ‘Casas da Vergonha’, entregue à Justiça por Vítor Reis, ex-presidente do Instituto da Habitação e Reabilitaç­ão Urbana. Ouvido na Assembleia da República, a 7 de maio, disse não ter a menor dúvida de que, neste processo de apoios entregues para a reconstruç­ão de casas em Pedrógão Grande, houve “gestão fraudulent­a que propicia a burla porque há enriquecim­ento ilícito de pessoas”. E assegurou que, além dos 46 casos que expôs - e que o CM revelou -“há mais”.

INQUÉRITO JUDICIAL SOBRE IRREGULARI­DADES NO APOIO TEM 43 ARGUIDOS

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 ??  ?? Moradia em construção no caminho das Eiras, em Figueira, na freguesia da Graça, é uma das 46 ‘Casas da Vergonha’ e uma das empreitada­s que estão agora paradas após as denúncias
Moradia em construção no caminho das Eiras, em Figueira, na freguesia da Graça, é uma das 46 ‘Casas da Vergonha’ e uma das empreitada­s que estão agora paradas após as denúncias
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