MUNDO: ANGOLA.
CRÍTICAS r João Lourenço diz “não ser aceitável” que empresas públicas como a Sonangol tenham sido usadas para financiar negócios privados “como se fossem instituições de crédito”
PRESIDENTE ANGOLANO DIZ QUE A DÍVIDA DO PAÍS SERVIU PARA FINANCIAR “ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DAS ELITES”.
Olíder do MPLA e presid e nt e a ngo l a no J o ã o Lourenço disse ontem, na abertura do 7º Congresso Extraordinário do maior partido angolano, que a dívida externa do país atingiu um nível tão elevado porque foi usada “para financiar o enriquecimento ilícito de uma elite restrita”.
Fazendo um balanço das últimas décadas, Lourenço lembrou que o país “teve de se endividar bastante” devido ao grande esforço de reconstrução nacional após a guerra civil, mas acrescentou que a dívida pública e a dívida externa só atingiram “estes níveis tão altos” porque serviram
também “para financiar o enriquecimento ilícito de uma elite restrita, muito bem selecionada, na base do parentesco, do amiguismo e do compadrio, que constituíram aglomerados empresariais com esses dinheiros públicos”. Esta situação, continuou, faz com que, por cada dólar de restituição da referida dívida, Angola esteja igualmente a pagar esses investimentos “ditos privados, na banca, na telefonia móvel, nos media, nos diamantes, na joalharia, nas grandes superfícies comerciais, na indústria de materiais de construção e outros que uns poucos fizeram com dinheiros públicos”. “Não é aceitável e não podemos nos conformar com o facto de se ter chegado ao ponto de colocar empresas públicas, como a Sonangol e a Sodiam, a financiar também alguns desses negócios privados como se de instituições de crédito se tratassem”, frisou, prometendo que a inversão desta situação - “uma batalha ainda não ganha”, referiu - irá permitir que estes e out r o s r e c ur s o s s i r vam p a r a “combater melhor a pobreza”.
Lourenço fez ainda um apelo à renovação do partido, que precisa de dirigentes “que não esperam encontrar regalias, facilidades ou privilégios” e saibam que ser membro do Comité Central “exige mais trabalho, mais responsabilidade e melhor conduta social”.
ATAQUE A “ELITE RESTRITA SELECIONADA NA BASE DO PARENTESCO”