Correio da Manhã Weekend

MUNDO: ANGOLA.

CRÍTICAS r João Lourenço diz “não ser aceitável” que empresas públicas como a Sonangol tenham sido usadas para financiar negócios privados “como se fossem instituiçõ­es de crédito”

- RICARDO RAMOS*

PRESIDENTE ANGOLANO DIZ QUE A DÍVIDA DO PAÍS SERVIU PARA FINANCIAR “ENRIQUECIM­ENTO ILÍCITO DAS ELITES”.

Olíder do MPLA e presid e nt e a ngo l a no J o ã o Lourenço disse ontem, na abertura do 7º Congresso Extraordin­ário do maior partido angolano, que a dívida externa do país atingiu um nível tão elevado porque foi usada “para financiar o enriquecim­ento ilícito de uma elite restrita”.

Fazendo um balanço das últimas décadas, Lourenço lembrou que o país “teve de se endividar bastante” devido ao grande esforço de reconstruç­ão nacional após a guerra civil, mas acrescento­u que a dívida pública e a dívida externa só atingiram “estes níveis tão altos” porque serviram

também “para financiar o enriquecim­ento ilícito de uma elite restrita, muito bem selecionad­a, na base do parentesco, do amiguismo e do compadrio, que constituír­am aglomerado­s empresaria­is com esses dinheiros públicos”. Esta situação, continuou, faz com que, por cada dólar de restituiçã­o da referida dívida, Angola esteja igualmente a pagar esses investimen­tos “ditos privados, na banca, na telefonia móvel, nos media, nos diamantes, na joalharia, nas grandes superfície­s comerciais, na indústria de materiais de construção e outros que uns poucos fizeram com dinheiros públicos”. “Não é aceitável e não podemos nos conformar com o facto de se ter chegado ao ponto de colocar empresas públicas, como a Sonangol e a Sodiam, a financiar também alguns desses negócios privados como se de instituiçõ­es de crédito se tratassem”, frisou, prometendo que a inversão desta situação - “uma batalha ainda não ganha”, referiu - irá permitir que estes e out r o s r e c ur s o s s i r vam p a r a “combater melhor a pobreza”.

Lourenço fez ainda um apelo à renovação do partido, que precisa de dirigentes “que não esperam encontrar regalias, facilidade­s ou privilégio­s” e saibam que ser membro do Comité Central “exige mais trabalho, mais responsabi­lidade e melhor conduta social”.

ATAQUE A “ELITE RESTRITA SELECIONAD­A NA BASE DO PARENTESCO”

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João Lourenço com discurso crítico do passado na abertura do 7º Congresso do MPLA

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