País inseguro

Os fundamentalistas da segurança procuram avidamente fazer coincidir o conceito com o controlo da criminalidade. São os militantes da liberdade vigiada, domesticada, impulsionada por criaturas que se dizem de esquerda e de direita, procurando dar sentido a um discurso ideológico que, nas finalidades últimas, tem como horizonte o medo de morrer.

É esse sentimento de insegurança que atravessa o País. E é evidente que não se tornou assim, tão exuberante, por causa da atividade criminosa. Os últimos resultados comparativos, de junho, no espaço europeu, colocam-no como um dos países mais seguros no que respeita à criminalidade.

No entanto, estamos a morrer. E a Covid-19 é a menor das causas. Os números da Pordata não deixam dúvidas. No intervalo de uma década temos menos 222 mil crianças do que na anterior. Somos cada vez mais velhos. Temos mais 350 mil indivíduos acima dos 65 anos. Para agravar a situação, no mesmo período de tempo emigraram mais

530 mil jovens com idades entre os 25 e os 39 anos.

É este o País onde quase metade da população vive da reforma, da pensão, do RSI. É o País da velhice, da pobreza, da miséria onde se anicham alguns segmentos sociais com maior poder financeiro e social. Sobretudo nas grandes metrópoles. Este é o País deserto de gente. É este País em decadência, fustigado pela pandemia, repleto de lares que amontoam os mais fracos. Este lado do País é odiado pelo Poder. Ignorado, a não ser que hajam incêndios, espoliado da esperança e da fortuna. Não dá votos, não elege deputados, não tem voz. Sem força para protestar contra o silêncio de quem manda. Discursos fofinhos para quem os elege, mesmo que sejam tão fofinhos que se tornam em mentiras descaradas. Pouco importa. Importa, sim, resguardar os militantes da Liberdade controlada. Esses são facilmente manipuláveis e irão votar sempre nos mesmos até este País entrar em agonia.n

ESTAMOS A MORRER

E A COVID-19 É A MENOR DAS CAUSAS. SOMOS CADA VEZ

MAIS VELHOS