Salgado arrisca acusação por organização criminosa
ESQUEMA PIRAMIDAL FOI ALIMENTADO PELOS DEPÓSITOS DO BANCO BES
O Ministério Público deverá acusar o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, por associação criminosa, atribuindo-lhe a responsabilidade de ter criado uma estrutura fraudulenta dentro do próprio banco, sem o conhecimento da maioria da equipa de gestão, para financiar as empresas da família e desviar fundos para corrupção.
De acordo com o ‘Público’, a acusação no caso Universo GES – que sairá na próxima semana –, Salgado terá criado uma estrutura paralela dentro do próprio BES, com o apoio do Departamento Financeiro e de Mercados, para responder às dificuldades financeiras do GES. O esquema piramidal terá tido início em 2009 e terá durado, pelo menos, até 2014, com o apoio de Isabel Almeida, do Departamento Financeiro de Mercados e Estudos, e de Amílcar Morais Pires, ex-administrador financeiro do BES, que segundo o jornal é considerado pelo Ministério Público como “o cérebro financeiro das operações criminosas”. Também José Castela, tesoureiro do GES entretanto falecido, e Francisco
Machado da Cruz, contabilista, seriam partes fulcrais no referido esquema.
Para a Justiça, Salgado geria as operações a partir de Lisboa, utilizando sociedades instrumentais sedeadas em paraísos fiscais como as ilhas Virgens Britânicas ou o Panamá, sendo o acompanhamento contabilístico dessas operações realizado a partir da Suíça, através da Eurofin
e por nomes como os de Alexandre Cadosch ou Jean-Luc Schneider. O Ministério Público acredita que a Eurofin serviu-se de depósitos de clientes do BES para financiar, de forma ilícita, as empresas do GES numa organização piramidal, sobretudo através da ESI, a holding-mãe do GES. Em 2009, já a ESI tinha um buraco de 1609 milhões, que foi ocultado.n