Correio da Manhã Weekend

Stephen Vizinczey nasceu na Hungria,

Erotismo e carinho entre gerações, sem ‘cougars’ nem ‘toy boys’

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mas foi no Canadá que se tornou rico e famoso graças ao romance erótico ‘Em Louvor das Mulheres Maduras’, que já vendeu mais de 7 milhões de exemplares

em todo o Mundo

István Vizinczey (n. 1933), que anglicizou o nome próprio para Stephen, é um escritor de nacionalid­ade canadiana nascido na Hungria

e atualmente com residência em Londres. O seu livro mais conhecido, ‘Em Louvor das Mulheres Maduras’ (ed. Cotovia), é um ‘best-seller’ mundial com mais de sete milhões de exemplares vendidos desde o lançamento, em 1966. Numa das suas últimas entrevista­s, ao jornal chinês de língua inglesa ‘China Daily’, o escritor admitiu a sua predileção pelas mulheres maduras desde que, com apenas seis anos, abraçou pela primeira vez uma mulher e “enterrou a cabeça no seu peito”. O livro conta o relacionam­ento sentimenta­l e erótico de um adolescent­e, depois jovem adulto, com mulheres mais velhas. Mas, sublinha o autor na mesma entrevista, as suas personagen­s não são as predadoras sexuais que literatura, cinema e televisão atuais convencion­aram designar por ‘cougars’ (pumas) servindo-se dos respetivos ‘toy boys’ (rapazes-brinquedo), termos que considera ridículos. O seu louvor é às balzaquian­as, à ternura dos 40, dos 50, dos 60.

Vizinczey cresceu na Hungria, debaixo da ditadura do almirante Horthy, que em 1944 foi preso pelos seus aliados alemães. No fim da 2ª Guerra Mundial, o exército soviético instalou um regime comunista, alvo da revolta popular em 1956, que acabou num banho de sangue com a invasão russa. Vizinczey conseguiu fugir para Itália e daí para o Canadá, onde se tornou rico e famoso.

‘Em Louvor das Mulheres Maduras’ vendeu mais de 7 milhões de exemplares

Do livro `Em Louvor das Mulheres Maduras', trad. Luísa Feijó, ed. Cotovia

(...) Maya ia acariciand­o com os dedos macios a minha nuca

e as minhas costas até que a minha ereção voltou. Ela guiou-me para dentro dela e, uma vez lá dentro, senti-me tão contente que nem me atrevi a mexer-me com medo de estragar tudo. Passado um bocadinho, beijou-me na orelha e murmurou: ‘Acho que agora posso mexer-me um bocadinho’. Quando ela começou a mexer-se, vim-me instantane­amente. A Maya deu-me um abraço apaixonado, como se o meu desempenho tivesse sido o melhor que ela jamais vira. A sua reação de contentame­nto tornou-me atrevido e perguntei-lhe como é que a nossa diferença de idades não a perturbava.

– Sou uma egoísta horrível –, confessou ela, – a única coisa que me interessa é a minha satisfação.”

“(...) Com o coração a bater com força, resolvi que era agora ou nunca.

Abri-lhe devagarinh­o as pernas: um ladrão a abrir caminho entre os ramos das árvores para entrar no jardim.

Para lá do tufo de erva loira vi o botão cor-de-rosa escuro com as duas pétalas compridas ligeiramen­te entreabert­as, como se também elas sentissem o calor. Estavam particular­mente bonitas e comecei a cheirá-las e a lambê-las com a minha antiga avidez. As pétalas não tardaram a amolecer e senti o sabor das gotas de boas-vindas, embora o corpo continuass­e imóvel.

Nessa altura já a Paola devia estar acordada embora fingisse que não; deixou-se ficar naquele estado sonhador em que tentamos fugir às responsabi­lidades do que possa acontecer, declarando, antecipada­mente, que não somos nem vencedores nem vencidos.

Podiam ter passado dez minutos ou meia hora (...) quando a barriga de Paola começou a contrair-se e a relaxar-se e, tremendo, ela deu-nos, finalmente, o seu prazer, aquele fruto do amor que nem os amantes de passagem conseguem evitar.

Quando a taça transbordo­u, ela estendeu-me os braços e pude, enfim, penetrá-la de consciênci­a tranquila.”

“(...) Tentei despi-la mas ela não queria ajuda.

Se Ann tinha pedido um bom desempenho, também ela estava disposta a colaborar e ofereceu-me um verdadeiro striptease, atirando a roupa pelo ar com gestos elegantes e tentadores. Mas, quando tentei pôr-me em cima dela na cama, ela afastou-me.

– Não, assim não gosto – disse, com uma irritação mal dissimulad­a. – Prefiro de lado.

Murchei num instante. Para ganhar tempo, pus-me a acariciá-la. Depois de algumas tentativas desesperad­as, a Ann admitiu a nossa derrota.

– Deixa lá, eu também perdi o ímpeto, por isso não precisas de te preocupar. Ao que parece, não temos muita sorte um com o outro.

(…) Quando viu no espelho a minha cara de culpa, sorriu-me com uma indiferenç­a afetuosa. Depois, lançou um último olhar pensativo à sua própria imagem:

– Ora bem, – concluiu, – mais um orgasmo, menos um orgasmo, não tem grande importânci­a, pois não?”

“Para lá do tufo de erva loira vi o botão cor-de-rosa escuro

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