Bernardo Agrela tem 30 anos e um currículo de respeito,
Tem 30 anos e já cozinhou nos mais diversos fusos horários para celebridades internacionais, mas deixou os restaurantes de luxo para abrir um espaço onde os amigos pudessem provar os seus pratos
em cozinhas um pouco por todo o Mundo. Depois de várias
paragens, esteve dois anos nas Maldivas antes de regressar a Portugal para junto dos amigos
Amãe ensinou-o a cozinhar ali entre os quatro e os cinco anos e lembra-se bem do dia em que lhe ofereceu um “banco para conseguir chegar ao fogão e um isqueiro comprido para conseguir acendê-lo”.
Com oito anos, Bernardo Agrela já cozinhava sem supervisão e aos 12 já dizia que só se imaginava cozinheiro. Com tão precoce certeza (e prática de volta dos tachos) não é de estranhar que aos 30 anos Bernardo tenha um currículo equivalente a alguém que esteja mais perto da idade da reforma do que dos bancos da escola, ele que já cozinhou para o chef britânico Gordon Ramsay, para o casal Iker Casillas e Sara Carbonero, para a cantora Katy Perry e para a manequim Kate Moss, embora não se deixe deslumbrar (“são clientes como os outros”, diz).
O primeiro estágio que fez, no final do 10º ano na Escola de Hotelaria e Turismo de Santarém, foi na cozinha do hotel Pestana Palace da Ajuda, “uma grande escola”, onde se destacou ao ponto de fazer guarnições (acompanhamentos), o que não era comum “em miúdos tão jovens”. No ano seguinte teve um estágio em Londres, com o chef Nuno Mendes, de onde continuou para o restaurante do chef basco Martín Berasategui, em Espanha, onde cumpriu o sonho de trabalhar “num três estrelas Michelin”. Regressou a Londres, rumou ao Japão, depois esteve na China e ainda cozinhou no Luxemburgo, onde trabalhou em todo o tipo de restaurantes.
“Até aí fui sempre subindo degraus na cozinha. A primeira cozinha que eu chefiei foi nas Seychelles, aos 24 anos.” Dois anos depois rumou às Maldivas, onde ficou mais dois anos, antes de regressar a Portugal para abrir o seu ‘pop up’ [restaurante temporário] e ser contratado pelo dono da Cave 23 , o restaurante do hotel Torel Palace, onde os amigos não tinham dinheiro para ir. “Vim para Lisboa porque sentia falta dos meus amigos mas eles não podiam comer comida feita por mim. Então abri o East Mambo e dediquei-me aos kebabs.”
A pandemia obrigou, para já, a fechar o restaurante (é muito pequeno e não se torna rentável com as novas normas), mas vai fazendo eventos com os kebabs. Trabalha ainda para a empresa que ganhou a concessão dos serviços do Hub Criativo do Beato.