Vieira e Benfica
CONVÉM RECORDAR QUE AINDA NÃO HÁ
ACUSADOS NEM CONDENADOS
Na sua história recente, o Benfica passou por uma experiência traumática: a presidência de Vale e Azevedo. Eleito para fazer frente ao poderoso rival emergente, o Futebol Clube do Porto, Vale e Azevedo atraiçoou as expectativas que nele depositaram muitos sócios (pouco familiarizados com o seu currículo) e mergulhou o Benfica numa grave crise desportiva e financeira.
A turbulenta “ablação” de Vale e Azevedo foi um relevante serviço prestado por um grupo de benfiquistas dedicados, com Manuel Vilarinho à cabeça, que permitiu recolocar o clube no rumo que ele merece. Entre tais benfiquistas, é justo destacar Luís Filipe Vieira, que foi, em vários aspetos, um garante do clube, ainda antes de se tornar o seu mais longevo presidente.
Com Vieira, o clube voltou a conquistar títulos com regularidade, abandonando o definhamento a que parecia condenado. Participou em finais europeias (embora perdendo, para cumprir a maldição de Béla Guttmann). Criou infraestruturas e consolidou a organização. Evoluiu na formação de jovens jogadores. Recuperou a prosperidade financeira e valorizou a sua “marca”.
Agora, Luís Filipe Vieira e a SAD do Benfica, entre outras pessoas singulares e coletivas (como Domingos Soares Oliveira e a Benfica Estádio), são arguidos por suspeita de fraude fiscal agravada. De acordo com o Ministério Público, terão sido celebrados contratos simulados (nulos para o Direito Civil), para justificar despesas inexistentes e reduzir a carga fiscal.
Juristas e não juristas, todos caímos na tentação de chegar ao veredicto antes de tempo. O caso é sério porque, só por fraude fiscal, são aplicáveis penas de prisão até 8 anos a pessoas singulares e penas de multa até 19 milhões e duzentos mil euros a pessoas coletivas, nos casos mais graves. Porém, convém recordar que ainda não há acusados e muito menos condenados…n