SALGADO USA PORTEIRO EM GOLPE ÀVENEZUELA
Banqueiro terá utilizado um cidadão venezuelano com identificação falsa para libertar dinheiro no BES para o GES
Ricardo Salgado terá usado um porteiro falso, na pessoa de um cidadão venezuelano, para alegadamente falsificar um contrato e montar um esquema que levou o BES a libertar os saldos das contas da Petróleos da Venezuela (PDVSA), sem autorização desta empresa. O dinheiro da PDVSA terá sido aplicado em dívida do Grupo Espírito Santo (GES) e a empresa venezuelana terá perdido 330 milhões de euros. Como contrapartida, o cidadão venezuelano terá recebido luvas do BES de 4,5 milhões de euros.
O esquema terá sido criado entre março e maio de 2014, quando o GES já estava em rutura financeira. Salgado, João Alexandre Silva, ex-diretor do BES na Madeira, e o cidadão venezuelano José Trinidad Márquez terão sido os principais intervenientes no esquema.
Na acusação do Ministério Público (MP) do caso GES, a participação de Márquez é relatada assim: “Sob instruções de Ricardo Salgado, João Alexandre Silva recrutou o cidadão venezuelano José Trinidad Márquez, que, assumindo a identidade de Domingos Galan Macias, cidadão espanhol, porteiro de profissão (...) com residência em Madrid, e contra quem este último apresentou queixa às autoridades espanholas imputando-lhe a subtração do seu documento de identificação, interveio em todo o processo apresentando-se como representante da PDVSA, o que era falso.”
Foi este falso porteiro que terá tido um papel-chave na concretização do alegado esquema que “Ricardo Salgado engendrou”, segundo o MP, “e pelo qual ficcionou a existência de um concurso/convite lançado pela PDVSA para a gestão de um fundo de ativos e de uma carteira de investimentos.” A 7 de maio de 2014, Márquez, vindo de Madrid, participou na reunião da comissão executiva do BES, na qual foi apresentado o suposto contrato para a gestão de ativos da PDVSA. Nesse mesmo dia, terá sido assinado o alegado contrato falso: segundo o MP, em nome do BES, “Ricardo Salgado apôs a sua assinatura no contrato de gestão de ativos de 3550 milhões de euros, em nome do BES. Em nome da PDVSA, José Trinidad Márquez colocou o nome Domingos Galan Macias”.
De 3 de abril a 3 de julho de 2014, o BES terá feito a Márquez vários pagamentos em numerário e transferências bancárias.n