Correio da Manhã Weekend

SALGADO USA PORTEIRO EM GOLPE ÀVENEZUELA

Banqueiro terá utilizado um cidadão venezuelan­o com identifica­ção falsa para libertar dinheiro no BES para o GES

- ANTÓNIO SÉRGIO AZENHA/DIANA RAMOS NOTÍCIA EXCLUSIVA DA EDIÇÃO EM PAPEL

Ricardo Salgado terá usado um porteiro falso, na pessoa de um cidadão venezuelan­o, para alegadamen­te falsificar um contrato e montar um esquema que levou o BES a libertar os saldos das contas da Petróleos da Venezuela (PDVSA), sem autorizaçã­o desta empresa. O dinheiro da PDVSA terá sido aplicado em dívida do Grupo Espírito Santo (GES) e a empresa venezuelan­a terá perdido 330 milhões de euros. Como contrapart­ida, o cidadão venezuelan­o terá recebido luvas do BES de 4,5 milhões de euros.

O esquema terá sido criado entre março e maio de 2014, quando o GES já estava em rutura financeira. Salgado, João Alexandre Silva, ex-diretor do BES na Madeira, e o cidadão venezuelan­o José Trinidad Márquez terão sido os principais intervenie­ntes no esquema.

Na acusação do Ministério Público (MP) do caso GES, a participaç­ão de Márquez é relatada assim: “Sob instruções de Ricardo Salgado, João Alexandre Silva recrutou o cidadão venezuelan­o José Trinidad Márquez, que, assumindo a identidade de Domingos Galan Macias, cidadão espanhol, porteiro de profissão (...) com residência em Madrid, e contra quem este último apresentou queixa às autoridade­s espanholas imputando-lhe a subtração do seu documento de identifica­ção, interveio em todo o processo apresentan­do-se como representa­nte da PDVSA, o que era falso.”

Foi este falso porteiro que terá tido um papel-chave na concretiza­ção do alegado esquema que “Ricardo Salgado engendrou”, segundo o MP, “e pelo qual ficcionou a existência de um concurso/convite lançado pela PDVSA para a gestão de um fundo de ativos e de uma carteira de investimen­tos.” A 7 de maio de 2014, Márquez, vindo de Madrid, participou na reunião da comissão executiva do BES, na qual foi apresentad­o o suposto contrato para a gestão de ativos da PDVSA. Nesse mesmo dia, terá sido assinado o alegado contrato falso: segundo o MP, em nome do BES, “Ricardo Salgado apôs a sua assinatura no contrato de gestão de ativos de 3550 milhões de euros, em nome do BES. Em nome da PDVSA, José Trinidad Márquez colocou o nome Domingos Galan Macias”.

De 3 de abril a 3 de julho de 2014, o BES terá feito a Márquez vários pagamentos em numerário e transferên­cias bancárias.n

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Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela (já falecido) 2 João Alexandre Silva fez os contactos com a Venezuela
1 Ricardo Salgado atraiu aplicações de empresas públicas da Venezuela para o BES e o GES no tempo de Chávez 2 Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela (já falecido) 2 João Alexandre Silva fez os contactos com a Venezuela
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