Governo dividido sobre lotação dos transportes
NOVO RELATÓRIO da Saúde e ministro das Infraestruturas defendem posições opostas sobre restrições INE revela que 14% dos residentes nas 19 freguesias em calamidade usam transportes
OGoverno está dividido sobre a lotação dos transportes públicos. Depois de ontem o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ter admitido acabar com as restrições, logo a seguir, a ministra da Saúde, Marta Temido, afastou por completo o cenário. “As recomendações de saúde pública têm um caráter evolutivo, até em função daquilo que são as novas recomendações das organizações internacionais, mas neste momento não vejo motivo para podermos alterar aquilo que tem estado a ser definido”, defendeu a titular da pasta da Saúde.
Horas antes, em entrevista, Pedro Nuno Santos justificava uma decisão totalmente oposta, com estudos internacionais, que alegam que não há evidência de existir maior probabilidade de haver contágio da Covid-19 nos transportes públicos, e com o exemplo da linha de Sintra onde, em horas de ponta, é “impossível” controlar ou impor os limites de lotação em vigor. “Não estou a dizer que não existe risco no transporte público, mas estudos internacionais vão mostrando que não é esse o problema”, argumentou. O ministro lembrou que Lisboa é das poucas capitais europeias com restrições nos transportes. Defende que caso a situação não se altere, pode causar “problemas sérios de mobilidade da AML”.
Ontem, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que as 19 freguesias em estado de calamidade, na Grande Lisboa, têm uma densidade populacional sete vezes superior à da restante Área Metropolitana. Segundo os dados divulgados ontem, os residentes em território de estado de calamidade utilizam mais transportes públicos: a proporção de deslocações para fora do município, através deste meio, é de 14% - mais do dobro em relação ao registado no restante território da AML (6,7%).n
PEDRO NUNO SANTOS DIZ QUE É “IMPOSSÍVEL” IMPOR LIMITES EM SINTRA