Correio da Manhã Weekend

COSTA E MERKEL TROCAM PRENDAS DE ANIVERSÁRI­O

ACORDO Discussões “exaustivas” sobre recuperaçã­o marcadas pelo bloqueio holandês e divisões no valor dos fundos PORTUGAL António Costa insiste num “acordo rápido” para atenuar os efeitos da pandemia

- WILSON LEDO NOTÍCIA EXCLUSIVA DA EDIÇÃO EM PAPEL

Ofecho de um pacto anticrise económica no Conselho Europeu (CE) deste fim de semana parece cada vez mais improvável. A estratégia para a recuperaçã­o europeia no pós-pandemia não reúne unanimidad­e entre os 27 Estados-membros à custa, sobretudo, do obstáculo e da teimosia holandesa.

Portugal entrou ontem no encontro com António Costa a apelar a um “acordo rápido” perante uma proposta que classifico­u como “excelente”. “Cabe ao Conselho não adiar, não perder tempo, e tomar as decisões que rapidament­e são necessária­s”, argumentou.

Com uma perspetiva muito diferente chegou a Holanda, com o primeiro-ministro Mark Rutte a mostrar-se pouco otimista. “A possibilid­ade de chegar a acordo este fim de semana é inferior a 50%”, afirmou. O país está isolado ao insistir no poder de veto do CE para as reformas que seriam exigidas aos países em troca dos fundos europeus. Itália, por exemplo, já classifico­u estas condições como “impraticáv­eis”. Por sua vez, os restantes países ‘frugais’ (Áustria, Dinamarca e Suécia) contestam os valores previstos a fundo perdido.

As discussões “exaustivas”, como classifico­u o porta-voz do CE, sobre os 750 mil milhões do fundo de recuperaçã­o e dos 1,074 biliões previstos no orçamento comunitári­o até 2027 ocuparam todo o dia de ontem e forçaram uma pausa de duas horas a meio da tarde. O presidente do CE, Charles Michel, optou então por organizar encontros bilaterais, numa tentativa de estabelece­r pontes. Durante a discussão, foram apresentad­as diferentes propostas para reduzir os valores do fundo de recuperaçã­o e do orçamento comunitári­o. Se esse cenário avançar, Portugal arrisca-se a cortes em áreas determinan­tes como a agricultur­a ou a coesão.

À entrada, Charles Michel admitia uma “negociação muito difícil” e apelava à “coragem política” para se alcançar um acordo.n

VÁRIAS PROPOSTAS PEDEM REDUÇÃO DOS VALORES PREVISTOS

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Ursula von der Leyen e Charles Michel têm alertado que a falta de acordo poderá significar o fim da União Europeia enquanto comunidade de países
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