Correio da Manhã Weekend

Salgado pediu a Veiga 300 milhões de euros

DADO r Ricardo Salgado abordou com José Veiga, ex-empresário de futebol, a hipótese deste investir nas empresas do GES, em 2014 REUNIÃO r Banqueiro disse no Conselho Superior que a “estrutura acionista da ESC estava completame­nte careca”

- ANTÓNIO SÉRGIO AZENHA

José Veiga, antigo diretor-geral da SAD do Benfica, esteve para investir 300 milhões de euros no Grupo Espírito Santo (GES). A oportunida­de surgiu no início de 2014, quando o GES agonizava com falta de dinheiro. Na reunião do Conselho Superior do GES que discutiu o aumento de capital da Espírito Santo Control (ESC), em que estavam representa­dos os cinco ramos da família Espírito Santo, “Ricardo Salgado transmitiu aos demais que os empréstimo­s da ESI à ESC haviam deixado a estrutura acionista da ESC com a ‘careca completame­nte descoberta’”. Esta reunião decorreu em 17 de dezembro de 2013.

ASPERBRAS DO BRASIL FOI TAMBÉM UM POTENCIAL INVESTIDOR NO GES

INVESTIMEN­TO DE VEIGA SURGIU ASSOCIADO A VERBAS DO CONGO

A hipótese de Veiga investir no GES foi discutida na reunião do Conselho Superior do GES de 7 de janeiro de 2014. Nesse dia, segundo a acusação do Ministério Público (MP) no processo GES, “em sede de CS [Conselho Superior], Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo, Manuel Fernando Espírito Santo, Ricardo Abecassis e António Ricciardi discutiram a possibilid­ade de José Veiga, associado a investidor­es oriundos do Congo,

investir 300 milhões de euros nas estruturas do GES”.

A acusação do MP não adianta mais detalhes quanto a este assunto e, tanto quanto se sabe, Veiga não terá concretiza­do o investimen­to no GES. Nas gravações de algumas reuniões do Conselho Superior do GES, que foram divulgadas em 2016, já constavam referência­s de que Veiga era um potencial investidor na ESC e na Rioforte, mas o valor total desse investimen­to nas várias empresas do GES nunca foi revelado.

No dia 7 de janeiro de 2014, quando era visível a crise financeira do GES, o conselho de administra­ção da ESC convocou uma assembleia-geral para deliberar um aumento de capital. Holding de topo da família Espírito Santo, a ESC precisava com urgência de dinheiro fresco.

Na reunião do Conselho Superior do GES de 17 de dezembro de 2013, Joaquim Goes, então administra­dor do BES responsáve­l pela área de risco, reportou, segundo a acusação, “a necessidad­e imperiosa de a ESC se compromete­r a avançar com metade de um aumento de capital de 500 milhões de euros para garantir a sustentabi­lidade do Grupo”. Foi na sequência desta declaração de Goes que Salgado disse que os créditos da ESI à ESC deixaram “a estrutura acionista da ESC com a careca completame­nte descoberta”. E o banqueiro referiu, segundo a acusação, “os poucos recursos de todos os presentes para um aumento de capital na ESC”.

Nessa reunião, Salgado informou, segundo a acusação, que

“mantinha negociação com a Asperbras, a quem se referiu como sendo um ‘cliente cheio de massa’, para um empréstimo de 250 milhões de euros, a troco de desconto em contratos que aquela sociedade assinara para a construção de obra na República do Congo”.

A Asperbras é uma empresa brasileira de construção civil. Em cima da mesa estava a hipótese de a Asperbras investir 50 milhões de euros na ESC.n

 ??  ?? foi diretor-geral da SAD do Benfica de 2004 a 2007
foi diretor-geral da SAD do Benfica de 2004 a 2007
 ??  ?? 1 Ricardo Salgado exerceu a liderança do BES e do GES durante mais de duas décadas 2 José Veiga
1 Ricardo Salgado exerceu a liderança do BES e do GES durante mais de duas décadas 2 José Veiga

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal