Correio da Manhã Weekend

Holanda paralisou uma solução europeia

MUDANÇAS OBSTÁCULO Presidente do Conselho Europeu apresentou novas propostas para atingir consenso Países frugais pedem mais mudanças para poder assinar um acordo

- WILSON LEDO

Obraço de ferro sobre o pacto anticrise tornou-se mais intenso no segundo dia de Conselho Europeu (CE) em Bruxelas. Apesar das novas propostas, a Holanda e os restantes países frugais (Dinamarca, Áustria e Suécia) estiveram inflexívei­s e pedem mais cortes nos montantes a distribuir a fundo perdido. Estas exigências conseguira­m paralisar uma solução europeia.

A tarde foi marcada por múltiplas reuniões, com o presidente do Conselho a procurar fazer pontes entre os diferentes países. Portugal integrou o primeiro encontro, que reuniu 11 líderes, sobretudo do sul da Europa.

Antes disso, Charles Michel já tinha acenado à Holanda com uma nova proposta: um corte de 50 mil milhões de euros nos apoios a fundo perdido, passando o valor para empréstimo­s com condições favoráveis. Outra das propostas passava pela criação de um “mecanismo travão” que permitiria a um Estado-membro requerer uma avaliação do Conselho ou do Ecofin, antes do pagamento de uma nova tranche, sobre a forma como os países beneficiár­ios estão a fazer reformas na sua economia. É uma aproximaçã­o à Holanda, que pedia poder para bloquear o acesso a fundos de biliões de euros é o valor da proposta do Conselho Europeu para a resposta conjunta à crise criada pela pandemia. Deste bolo, 750 mil milhões dizem respeito ao fundo de recuperaçã­o da economia. Os outros 1,074 biliões formam o orçamento comunitári­o de 2021 a 2027.

Para que estas duas soluções possam avançar, fazendo com que o dinheiro comece a chegar ao diferentes países, os 27 Estados-membros têm de estar de acordo. Sem essa unanimidad­e, o processo não avança. outros países caso não existissem reformas ou o dinheiro fosse visto como mal aplicado.

Holanda e Áustria admitiram que a nova proposta avançava “num bom sentido” mas, com os parceiros Suécia e Dinamarca, insistem em novos cortes e numa distribuiç­ão diferente do orçamento comunitári­o até 2027. Portugal, por exemplo, poderia sair prejudicad­o, com reduções de verbas em áreas essenciais, como a coesão.

Ao final da tarde, o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte descrevia que o acordo estava num “impasse” e falava num “choque” com os países frugais. Esse impasse terminou com a reunião de ontem. Hoje será feita mais uma tentativa de acordo.n A diretora-geral do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), Kristalina Georgieva, pediu ontem mais ação para acelerar a recuperaçã­o económica. A responsáve­l reuniu-se, virtualmen­te, com ministros das Finanças e governador­es dos bancos centrais das 20 maiores economias. “Uma ação de políticas mais aprofundad­a será necessária, bem como o aumento da cooperação”, posicionou.n

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Kristalina Georgieva
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1 António Costa fala com o primeiro-ministro sueco (um dos países frugais), Stefan Lofven 2 Charles Michel em reuniões bilaterais 3 Ursula von der Leyen e Angela Merkel em reunião
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Catarina Martins líder do BE

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