Correio da Manhã Weekend

Pandemia deixa por explicar mais de 5200 mortes desde março

DADOS Desde o início da pandemia houve mais 7144 óbitos face à média dos últimos 5 anos: 1920 estão contabiliz­adas como mortes por Covid-19 ANÁLISE DGS diz que ainda não foi feita a análise às causas de morte

- EDGAR NASCIMENTO/ /VANESSA FIDALGO

Desde o início da pandemia de Covid-19 que estão por explicar mais de 5200 mortes em Portugal. De 2 de março a 20 de setembro o País registou 64105 óbitos, mais 7144 do que a média, em período homólogo, dos últimos cinco anos. Destes, 1920 estão contabiliz­ados como mortes por Covid-19. Os restantes 5224 óbitos ainda carecem de explicação.

Os dados foram ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatístic­a, que refere ainda que, nos dois primeiros meses do ano, o número de óbitos “foi, em geral, inferior aos valores médios observados nos últimos cinco anos”. No total, de 1 de janeiro a 20 de setembro, morreram em Portugal 86 178 pessoas, mais 5648 face à média.

Questionad­a pelo Correio da Manhã na conferênci­a de balanço da pandemia, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou que ainda não foi feita a análise às causas de morte. A dirigente tentou justificar o excesso de mortalidad­e no País com os surtos de Covid, as ondas de calor e o excesso de mortes no início do ano devido à gripe – embora o INE refira que em janeiro e fevereiro a mortalidad­e esteve abaixo da média. Graça Freitas explicou que “pode estar a haver mais mortes mas depois temos de fazer a taxa de mortalidad­e, temos de ver quantas pessoas residem no nosso país”, ou seja, pode haver mais mortes porque a população aumentou.

A diretora-geral da Saúde explicou que os codificado­res (cuja função é codificar a causa de cada morte) já estão a trabalhar nos primeiros óbitos do ano. “Temos uma forte aposta em conhecer com antecipaçã­o as causas da morte. Mas carece de tempo”, frisou, reconhecen­do que o excesso de mortalidad­e é visto com “cautela e obviamente com preocupaçã­o”.

De acordo com o INE, a sobremorta­lidade em Portugal, quando comparada com outros 18 países europeus, tem sido superior nalgumas semanas: em junho, julho e primeira quinzena de agosto, atingindo um pico na semana de 13 a 19 de julho, com mais 43% de mortes face à média. No início de setembro a sobremorta­lidade em Portugal “voltou a acentuar-se comparativ­amente com a verificada nos países europeus”.

NO INÍCIO DE SETEMBRO A SOBREMORTA­LIDADE VOLTOU A ACENTUAR-SE

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Excesso de mortalidad­e visto com “cautela e obviamente com preocupaçã­o”
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