Correio da Manhã Weekend

Novo Banco arrisca orçamento suplementa­r

BANCA Quer garantir que Fundo de Resolução tem capacidade para reembolsar financiame­nto VERBAS Governo e bancos tentam encontrar opções para reduzir montante abaixo dos 850 M €

- DIANA RAMOS

Ocumprimen­to do acordo assinado entre o Estado e a Lone Star no Novo Banco é a maior dor de cabeça do Governo na preparação da proposta de Orçamento do Estado para 2021. Um dos cenários em cima da mesa, caso as conversas com a banca não cheguem a bom porto, é atirar o montante que o Novo Banco virá a solicitar para um orçamento suplementa­r a aprovar em meados do próximo ano.

A hipótese surge como último recurso, mas não é excluída por nenhum dos protagonis­tas das negociaçõe­s. Segundo informação recolhida pelo CM, o Executivo tem tentado convencer quatro bancos nacionais – CGD, BCP, Santander Totta e BPI – a conceder um empréstimo conjunto ao Fundo de Resolução, que retire do Governo o ónus de incluir na proposta de OE um montante para entregar ao Novo Banco. Para já, a proposta não reúne o consenso dos bancos, que têm dúvidas sobre a capacidade do Fundo de Resolução em saldar a dívida no futuro. O que forçaria, por imposição do Banco Central Europeu, ao registo de imparidade­s nos maiores bancos nacionais. Algo que os quatro bancos querem evitar a todo o custo.

Por isso, tem havido trocas de informação permanente­s e cálculos sobre a maturidade do financiame­nto e receitas do fundo que possam satisfazer o pagamento, tendo em conta que mesmo com contribuiç­ões anuais elevadas pelos bancos, no ano passado o Fundo de Resolução registou prejuízos de 119 milhões de euros. Estão também a ser avaliadas formas de baixar o valor do empréstimo, já que os bancos consideram que os 850 milhões de euros de injeção estimados podem ser ser reduzidos. Além disso, tem havido pressão do setor sobre o Governo para que se alargue a obrigação de contribuiç­ão para o Fundo de Resolução a mais entidades do setor financeiro (empresas de leasing), uma forma de assegurar a entrada de mais receitas.

Ontem, ao fazer um balanço das negociaçõe­s, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamenta­res, Duarte Cordeiro, o Governo está a procurar “não considerar nenhum empréstimo público do Estado ao Fundo de Resolução em 2021”, evitando mais detalhes sobre o processo. Foi Mariana Mortágua, do BE, quem adiantou estar em cima da mesa um financiame­nto da banca ao Fundo de Resolução, um cenário que é rejeitado pelos bloquistas, que pedem injeção direta pelo setor.

BANCOS E GOVERNO TÊM FEITO CONTAS SOBRE DURAÇÃO E VALOR

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Primeiro-ministro e membros do Governo têm mantido reuniões em São Bento com ex-parceiros de geringonça

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