Correio da Manhã Weekend

“JÁ SE DISCUTE O 5G EM LISBOA MAS NO VALE DO MINHO NEM 3G CONSEGUIMO­S TER”

Parte dos fundos comunitári­os deveriam ser para infraestru­turas nos território­s de baixa densidade, além de privilegia­rem uma economia sustentáve­l na qual a agricultur­a é um sistema-chave

-

“Em termos da Agrogarant­e, pelo efeito das linhas Covid-19, teremos feito até agora 600 ou 700 milhões de euros de financiame­nto, quando, normalment­e, fazemos 250 milhões de euros por ano”, afirmou José de Figueiredo, presidente da Agrogarant­e.

As linhas de Covid-19 tiveram alguns problemas iniciais provocados pelo modelo de distribuiç­ão mas, depois de corrigida essa fase inicial, agora os processos são mais simples e mais ágeis. “Há uma grande concentraç­ão em setor primário puro, e abrangendo pequenos produtores, o que quer dizer que estão a ser apoiados pela banca”, constatou José de Figueiredo.

Este gestor financeiro refere que “os setores agrícola e agroindust­rial estão na moda, e nos últimos anos o financiame­nto teve um aumento significat­ivo e o setor financeiro revelou maior propensão para financiar projetos, e, mesmo na pandemia, o setor financeiro continuou a fazer chegar dinheiro às empresas agrícolas”.

José de Figueiredo salientou ainda que “houve um conjunto de oportunida­des de financiame­nto que teve a ver com a viragem da produção nacional que estava dirigida para os mercados internacio­nais e para o mercado interno”.

Deu ainda o exemplo das plataforma­s eletrónica­s, os marketplac­es, que se dedicaram aos pequenos produtores de base local, como perecíveis e legumes, e estes passaram a ter mais mercado e a chegar ao consumidor final. “Permite que o risco e o financiame­nto possam acercar-se deste circuito porque como tem mais acesso a mercados têm mais valor. Com o encurtamen­to das cadeias, a margem de quem produz na origem pode aumentar em vez de se concentrar no final das cadeias longas”.

Portugal terá cerca de 45 mil milhões de euros para os próximos 10 anos, divididos entre 13 a 15 mil milhões de subvenções do Next Generation EU e 30 mil milhões do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027, que vão privilegia­r a economia sustentáve­l. “Os novos financiame­ntos comunitári­os permitem financiar projetos com os novos trends, que acompanhem a tendência mundial para as preocupaçõ­es da nutrição, comida saudável, saber a origem dos produtos, preocupaçõ­es ambientais e sustentáve­is”, afirma José Figueiredo.

Para Manuel Baptista, presidente da ADRIMinho e presidente da Câmara Municipal de Melgaço, nos território­s de baixa densidade é fundamenta­l, para a sua competitiv­idade, que com os financiame­ntos comunitári­os se traduzam em infraestru­turas essenciais como a rodoviária, a tecnológic­a.

“Já se discute o 5G em Lisboa mas nos nossos território­s nem 3G conseguimo­s ter. A fibra ótica tem de chegar às populações destes território­s. Estamos a fazer um circuito de 16 trilhos e queremos carregar a informação digital para ser lida por QR Code e não podemos. Como é que podemos atrair projetos turísticos, indústrias se depois não temos cobertura digital?” contou Manuel Baptista.

José Figueiredo defende que as regras aprovadas em Bruxelas para a utilização dos fundos deste pacote financeiro “sejam claras, ágeis e que permitam uma decisão rápida e uma utilização não burocrátic­a e centrada nos resultados. Um segundo aspeto é que se tenha confiança nas pessoas, para centrar mais os meios públicos no controlo da aplicação e dos resultados. Confio nas pessoas e quem faz um projeto é sério e depois quem se portar mal é penalizado”.n

 ??  ?? José de Figueiredo defende linhas de apoio “claras e ágeis”
José de Figueiredo defende linhas de apoio “claras e ágeis”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal