PAPA VAI CONSEGUIR TORNAR AS CONTAS PÚBLICAS?
Caso da demissão do cardeal Becciu levou Francisco a insistir na transparência Duas dioceses portuguesas, Porto e Leiria-Fátima, mostraram receitas e despesas
OPapa Francisco quer que as instituições da Igreja Católica sejam transparentes e divulguem as suas contas, referindo que a Igreja deve ser “uma casa de vidro”.
“Os fiéis têm o direito de saber como utilizamos os recursos”, afirmou padre Juan António Guerrero, prefeito da Secretaria para a Economia da Santa Sé, aquando da divulgação pública das contas do Vaticano.
O episódio do prédio de Londres e a demissão do cardeal Angelo Becciu acabaram por fazer com que o Papa reforçasse a exigência da transparência.
REGISTA SALDO NEGATIVO NA DIOCESE DE LEIRIA-FÁTIMA
Entretanto, num ato raro nos tempos recentes, duas dioceses portuguesas, Porto e Leiria-Fátima, apresentaram também as suas contas relativas ao exercício do ano de 2019.
“Esta publicitação das contas diocesanas é um meio de dar a conhecer este aspeto da vida da nossa Igreja, de agradecer aos fiéis a sua generosidade e de assumirmos o compromisso de administrar fielmente os bens que nos são confiados para o cumprimento da missão eclesial no Mundo”, explicou o bispo diocesano, António Marto, em comunicado.
Contas feitas, na diocese de Leiria-Fátima, o Fundo do Clero registou receitas de 96 mil euros e despesas de 141 mil, um saldo negativo de 45 mil euros. Já o Fundo Económico Diocesano, obteve receitas de 490 mil euros, tendo as despesas ascendido a 474 mil, registando um saldo positivo de quase 15 mil euros.
Na diocese do Porto, a venda de património imobiliário, no valor de 1,5 milhões de euros, permitiu que as contas fechassem com um saldo de 1,6 milhões. Só que, fruto de vários anos com contas negativas, a diocese tem dívidas de quase cinco milhões (3 milhões à Banca), que o bispo D. Manuel Linda diz ter por objetivo saldar.
Quanto às contas da Cúria da Santa Sé (não o Vaticano, mas as sessenta entidades que estão ao serviço do Papa)a receita foi de 307 milhões de euros e a despesa de 318, ou seja, um saldo negativo de 11 milhões de euros.
Quanto ao Governatorato do Vaticano, que inclui o Instituto para as Obras da Religião, o Museu, o Óbolo, as fundações e o Fundo de Pensões, fala-se de um volume de 4 mil milhões.n