Vontade e obrigação
A obrigação é um constrangimento da vontade. Ninguém gosta de fazer nada obrigado. Mas nenhum português resiste a um sincero apelo à boa vontade. É neste contexto que se pode interpretar a intervenção de António Costa ontem em Bruxelas. Quem ouvisse o raciocínio claro do primeiro-ministro sobre a necessidade de travar a pandemia, consideraria impossível que aquele discurso saísse da boca da mesma pessoa que teve a ideia peregrina de impor aos cidadãos a adoção de uma aplicação informática nos seus telemóveis.
As palavras de Costa são, em si mesmas, o fundamento para a rejeição da obrigação de descarregar a aplicação ‘StayAway Covid’.
Face a este aparente paradoxo como explicar a conferência de imprensa do primeiro-ministro em Bruxelas? Não existe uma, mas sim duas respostas. A primeira é que Costa está brutalmente arrependido de ter vertido em proposta de lei uma solução que abomina. A segunda é que a ideia não foi dele! Alguém do círculo próximo do primeiro-ministro vendeu a solução que a multiplicação dos casos de infeção só poderia ser travada à força. Quem foi? É aguardar a próxima remodelação.n