Correio da Manhã Weekend

Em defesa da Pátria

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Otreinador do FC Porto convocou o país para uma manifestaç­ão de cariz nacionalis­ta contra o treinador do Manchester City e contra os árbitros que, por deficiênci­a das suas nacionalid­ades de origem, não se encontram sob a alçada exemplar do senhor Fontelas Gomes que, para quem não saiba, é o presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol. Sérgio Conceição, esse exemplo permanente de civilidade, esse guardião dos valores pátrios, atirou-se com valentia ao treinador catalão mal o árbitro esloveno deu por finda a partida da noite de quarta-feira passada, que se saldou por uma derrota dos campeões de Portugal em Inglaterra na jornada inaugural da fase de grupo da corrente edição da Liga dos Campeões. razões patriótica­s.

Vidigal, porventura transtorna­do com os 3 pontos que foi arrancar ao Dragão, teve o desplante de afirmar na cara do treinador do FC Porto que a obra literária de José Saramago não valia um Nobel, pelo que foi metaforica­mente deixado de mão estendida por Conceição. Já a João Henriques, quando era treinador do Paços de Ferreira, acontecera a mesma coisa. O Paços ganhou ao FC Porto e Henriques abalançou-se a afirmar que a pianista portuguesa Maria João Pires não sabia distinguir um piano de um acordeão, pelo que ficou também de mão estendida o treinador da equipa da Capital do Móvel no fim desse memorável encontro.

A saga patriótica de Sérgio Conceição terá, porventura, atingido um dos seus pontos mais altos quando se recusou a cumpriment­ar João Félix depois de o Benfica ter ido ganhar ao Dragão como punição pelo facto de o jovem avançado ter ousado afirmar que a Torre dos Clérigos posta ao lado do Empire State Building de Nova Iorque não passava do rés-do-chão. E por lá ficou também João Félix de mão estendida, tal como mais tarde ficaria de mão estendida um treinador do Belenenses, Pedro Ribeiro, depois de ter forçado o FC Porto a um empate no Jamor, o que lhe valeu o patriótico epíteto de “boi” como castigo por ter insinuado que, mal por mal, preferia as touradas em Espanha às touradas do banco portista.

Acontecera­m sempre assim, em defesa de Portugal, todas as vezes em que Sérgio Conceição se recusou a cumpriment­ar treinadore­s das equipas adversária­s. Embrulha, Guardiola.n

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