Correio da Manhã Weekend

Despesa só subiu 6,6€ por cidadão

- EUGÉNIO ROSA Economista

OINE acabou de publicar a Conta Satélite da Saúde com dados da despesa com a saúde dos portuguese­s no período 2000 a 2020. Se dividirmos a despesa total corrente de cada ano pelo número de habitantes obtém-se a despesa de saúde por habitante.

Se analisarmo­s essa despesa per capita concluímos que, entre 2001 e 2010, verificou-se um forte cresciment­o (entre 2000 e 2010, em 10 anos aumentou 58,8% por habitante); entre 2011 e 2013, uma queda com a troika e o governo do PSD/CDS (em 3 anos diminuiu 170,9€ por habitante, -10%). A partir de 2015 até 2019, inclusive, registou-se um cresciment­o acentuado (2015: +61,9€; 2016: +80,3€; 2017: +73,6€; 2018: +107,7€; e 2019: +104,9€ por habitante). Mas em 2020, mesmo com a pandemia, a despesa com a saúde cresceu apenas 6,6€ por habitante, embora o governo afirme que subiu muito.

Uma análise mais fina esclarece esta aparente contradiçã­o. O que aconteceu foi que a despesa pública com a saúde aumentou enquanto a despesa privada com a saúde diminuiu. Segundo o INE, entre 2019 e 2020, a despesa pública por habitante aumentou 81€ (de 1264€ para 1345€), o que foi pouco tendo em conta a grave crise de saúde pública (entre 2018 e 2019, sem crise, cresceu 104,9€ por habitante), daí os graves problemas que o SNS enfrentou, enquanto a despesa privada com saúde por habitante caiu 75€ (-10,4%), pois passou de 719€ para 644€. Fica assim claro que, em momentos de grave crise de saúde pública, quem defende os portuguese­s, mesmo com o subfinanci­amento crónico e a falta de profission­ais, é o SNS e não o negócio privado de saúde como alguns afirmam. Financiar mais o SNS é vital para aumentar a vida saudável dos portuguese­s, que é apenas de 59 anos (na UE: 65 anos).n

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