O jornalista que nunca perdeu a fé na justiça
ATENTADO r Peter R. de Vries, de 64 anos, morreu nove dias depois de ter sido baleado CASOS r Investigou o rapto de Heineken e o assassinato de Kennedy, e denunciou redes de tráfico sexual
Estava na lista negra da máfia, recebia regularmente ameaças de morte e chegou a ter proteção policial. Contudo, nada disso impediu Peter R. de Vries de, ao longo de mais de 40 anos, denunciar todo o tipo de crimes. A sua voz só se calou quando, no passado dia 6, foi baleado com cinco tiros, um deles na cabeça, numa rua de Amesterdão, nos Países Baixos. Durante nove dias, lutou pela vida no hospital, acabando por morrer na quinta-feira.
“Peter lutou até ao fim, mas não foi capaz de vencer esta batalha. Ele viveu de acordo com as suas convicções: ‘Não podemos ser livres estando de joelhos’. Estamos incrivelmente orgulhosos dele e, ao mesmo tempo, inconsoláveis”, disse a família em comunicado.
De Vries nasceu a 14 de novembro de 1956 na pequena cidade de Aalsmeer e começou a sua carreira em 1978, no ‘De Telegraaf’.
Em 1983 tornou-se conhecido pela cobertura do rapto do milionário Freddy Heineken, sobre o qual escreveu dois livros, um deles adaptado ao cinema - ‘Kidnapping
Freddy Heineken’ (2015), com Anthony Hopkins.
O jornalista, que também investigou o assassinato de John F. Kennedy e ajudou a desmantelar redes de tráfico sexual, apresentou o programa ‘Peter R. de Vries: Crime Reporter’ durante 17 anos. Foi aqui que cobriu o célebre caso do desaparecimento da norte-americana Natalee Holloway, em 2005, que lhe valeu um Emmy.
Atualmente, De Vries era conselheiro da principal testemunha no julgamento contra Ridouan Taghi, o criminoso mais procurado dos Países Baixos.n
GANHOU UM EMMY COM PROGRAMA QUE CONDUZIU DURANTE 17 ANOS