Correio da Manhã Weekend

CONCERTOS GROSSOS

É UM REGALO SER BALEADA PELA FRENTE E PELO LADO DAS COSTAS COM AS SUAS BALAS AMOROSAS

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Este ano não há férias inteiras. Aberta. De par em par. Vai haver gente que precisará de babete para que a baba da gula não lhe corra pelo pescoço. Aguenta-te. Puxa o carrão. Não vai entrar quem quer. Aí, não vai, não. Os prazeres em lista de espera, esperarão por melhores dias. Por esta altura do ano, faço sempre paragens na agenda. É preciso. Isto, que é o túnel do contentame­nto, não é a autoestrad­a em via verde. Para-se. Pois. Nos meses de calor impõe-se a entrada restrita. Acesso limitado. Não é por snobeira. É para limpeza geral. Nessa água, ficam quatro. O engenheiro de automóveis que entende, e tanto, de pedais, travões de mãos e mudanças de óleo. Outro engenheiro, o das obras por realizar, faz maravilhas por onde toca, é uma escolha imprescind­ível. Também um agente da polícia não pode ser colocado fora; dá tiros, muitos e certeiros. É um regalo ser baleada pela frente e pelo lado das costas com as suas balas amorosas. A melhor tarde é passada com o espanhol da Andaluzia. Um olé profundo, olé gesticulad­o, um olé nunca visto.

Agora que escrevo sobre os que ficam no verão, vejo um quinto prazer que merece consideraç­ão, e refiro-me ao professor de História que é bom, tão bom, na ginástica. Cada um com o seu feitio e formato, evidenteme­nte, sendo que nenhum deles deixa ninguém à fome. Durante a pandemia, o prazer teve de ser recriado. Demasiados meses sem roer osso. Foi tempo, como diz a canção, de aprender. Tive boas aprendizag­ens, e uma delas é o estrangeir­o nórdico que parece um siciliano. Fala com as mãos. Usa a chamada de vídeo com extrema realidade. Ele está lá, eu estou aqui, e sente-se a profundida­de e a consistênc­ia. Passa a suplente, e que gosto é ter uma delícia deste género. No caso de algum imprevisto impedir a vinda de algum dos prazeres mencionado­s, permito a sua bendita e animada chegada.

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