Correio da Manhã Weekend

Laura Diogo (MUITO) DOCE

- escritora POR MIRIAM ASSOR

Quarenta anos distam do boato azedo que ajudou a matar a deslumbran­te banda Doce. Laura Diogo e o antigo jogador Reinaldo foram vítimas de uma língua de tamanho extra large calibre canalha. Após ter conhecido sucessos estrondoso­s como vocalista da primeiríss­ima ‘girls band' portuguesa, o terror aterrava na sua vida. No raiar da década de 80, as quatro cantoras, Fátima Padinha, Teresa Miguel, Lena Coelho e Laura Diogo estavam numa digressão nos Estados Unidos da América e, para espanto de todas, só se falava que, afinal, Laura Diogo não estava hospitaliz­ada. Circulava, à velocidade da luz, uma notícia de que Laura dera entrada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com lesões causadas por uma extrema relação sexual com o antigo craque do Benfica. Muito embora o hospital tivesse desmentido o rumor, a mentira espalhou-se ao ritmo do sarampo.

Laura Diogo, que se viu obrigada a emigrar para a cidade norte-americana São Francisco para fugir de tamanha mentira, estreou-se a comentar o escândalo sexual que estoirou na imprensa, "Eu nunca conheci o Reinaldo, nem antes nem depois.

Ainda hoje não sei quem é”. Mas, em 2021, agora, ainda se lê, por exemplo, sobre o filme ‘Bem Bom’, nas redes sociais, idiotas com cabeça livre de cérebro a questionar se o Reinaldo é, igualmente, actor. Não há antibiótic­os que possam debelar a estupidez profunda misturada com maledicênc­ia em estado agudo. Homens em letra pequena continuam a compor frases ao estilo gorila. Mulheres, algumas, coitadas, feias por dentro, também não se safam. Quem viveu esse tempo sabe de como a fúria dos ciúmes devorou este tipo de senhoras, que se finavam de inveja pelas curvas e presença perfeitas das cantoras e da raiva que sentiam pela baba que corria na boca dos seus pares ao vê-las actuar. Com idade, ou sem idade, as Doce são história viva, e mais vivas através da realização de Patrícia Cerqueira.

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