Medo da pandemia agrava casos de AVC
TEMPO r Um em cada cinco pacientes demora mais de quatro horas e meia a pedir socorro. Novo coronavírus afasta doentes dos hospitais
Disparou o número de pessoas com sintomas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) que demoram mais de quatro horas e meia a pedir socorro através do 112. Segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), este “exige uma atuação rápida”. E, sublinham os especialistas, atrasar a ida para o hospital pode comprometer o tratamento e representar lesões graves e irreversíveis para o paciente. Dados do INEM mostram que, em 2019, houve 769 doentes AVC a esperar mais de quatro horas e meia entre os primeiros sinais e a chamada para número europeu de emergência. No ano passado, a situação agravou-se: o número subiu para 1081, o que representa cerca de 21% do total de casos notificados em 2020 (ver infografia). Feitas as contas, em apenas um ano, houve mais 312 a aguardar mais do que o recomendável. “Era previsível o aumento. Muitos doentes deixaram de recorrer aos hospitais por causa da pandemia. Tinham medo do contágio. Mas há também outra razão. É que a grande maioria das pessoas ganhou perceção de que os serviços estavam dedicados exclusivamente à Covid-19 e achavam que as unidades estariam sem capacidade de resposta”, explica Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, que apela: “Assim que há sintomas é obrigatório pedir ajuda porque o tempo é essencial para travar lesões.”
A falta de força no braço foi o sintoma mais notificado. Segue-se a dificuldade em falar e a boca ao lado. As mulheres são as mais afetadas. “É uma doença que ocorre sobretudo em pessoas com idade mais avançada, em que há mais mulheres do que homens. Por outro lado, a hipertensão é responsável pela grande maioria dos casos de AVC e esta patologia afeta mais as mulheres”, esclarece Manuel Carrageta.n
FALTA DE FORÇA NO BRAÇO É O SINTOMA MAIS COMUM. MULHERES MAIS AFETADAS