O lastimável estado da Nação
No próximo dia 21, o Parlamento irá debater o estado da Nação. Poderia ser um momento decisivo, mas será mais uma oportunidade perdida, o essencial passará ao lado. Os parlamentares irão ignorar aquela que é a questão central do regime, a corrupção que mina o país. Esquecerão as suas consequências que amargamente sentimos. Ao longo dos últimos trinta anos, os escândalos sucederam-se, desde os desvios de verbas do Fundo Social Europeu, aquando da entrada na União Europeia, até aos mais recentes casos “cartão vermelho” ou “Marquês”, passando pela corrupção nas parcerias público-privadas de Sócrates, ou pelas privatizações ao desbarato da REN ou da EDP, realizadas por Passos Coelho. Sem esquecer a corrupção na banca, que nos custou já dezenas de milhares de milhões. A promiscuidade entre política e negócios generalizou-se, os grandes grupos económicos capturaram a política.
A par deste fenómeno, faz-se sentir um outro, igualmente grave, que é a invasão da Administração pública por um exército de “boys” incompetentes, apaniguados de partido, familiares, amigos e afilhados. Desde os concelhos de menor dimensão - onde as câmaras empregam os militantes dos partidos - até às maiores cidades, onde as empresas municipais e fundações que mais parecem sedes partidárias. Também a nível nacional, as posições dirigentes foram tomadas de assalto pela partidocracia dominante. Todos estes incompetentes tomam, diariamente, decisões erradas. Os problemas não se resolvem e o futuro do país fica comprometido.
Com uma corrupção dominante e uma administração ineficiente, nem os mecanismos de regulação nos salvam. Estão também capturados, porque as entidades reguladoras foram tomadas pelos políticos de carreira. Entre inúmeros exemplos, Ana Paula Vitorino, mulher do Ministro Cabrita, vai dirigir a Autoridade da Mobilidade e Transportes; o ex-ministro Caldeira Cabral supervisiona o sector dos seguros… Assim, as entidades reguladoras nada regulam; ao invés, apenas branqueiam as medidas que favorecem as empresas dominantes.
Portugal é hoje um país refém de um Estado corrupto, sem instituições confiáveis e com uma classe política que, em vez de servir o País, beneficia de privilégios superiores aos dos políticos dos tempos da ditadura.n
PORTUGAL É HOJE UM PAÍS REFÉM DE UM ESTADO CORRUPTO, SEM INSTITUIÇÕES
CONFIÁVEIS
AS ENTIDADES REGULADORAS
NADA REGULAM. APENAS BRANQUEIAM AS MEDIDAS
QUE FAVORECEM AS EMPRESAS DOMINANTES