’REI DOS FRANGOS’ JUNTA VIEIRA E AMERICANO
CM REVELA BASTIDORES DO ENCONTRO SECRETO PARA VENDER O BENFICA NEGÓCIO de 50 milhões de euros combinado em escritório em Torres Vedras
Luís Filipe Vieira reuniu com John Textor, investidor norte-americano que queria comprar 25% do capital social da Benfica SAD, no escritório de José António dos Santos. O encontro ocorreu, em meados de abril deste ano, em Torres Vedras. A reunião foi objeto da vigilância do Ministério Público (MP) e da Autoridade Tributária (AT), no âmbito da investigação ao ex-presidente das águias. Conhecido como ‘Rei dos Frangos’, Santos é amigo de longa data de Vieira e foi ele quem celebrou com Textor o acordo para a compra e venda das ações da Benfica SAD.
A reunião, em Torres Vedras, ocorreu no dia seguinte a o ‘Rei dos Frangos’ se ter encontrado com Textor no Hotel Ritz Four Seasons, em Lisboa. No escritório de Santos terão estado presentes cinco pessoas: o ‘Rei dos Frangos’, o ex-presidente do Benfica, Textor, Carlos Janela, ex-dirigente desportivo, e o advogado André Mateus.
O investidor norte-americano já tinha dito que se encontrara com Vieira, mas não dissera onde nem quando. Num comunicado emitido na última quinta-feira,
Textor afirmou: “Depois dessa reunião [com Vieira], visitei todas as instalações relevantes do SL Benfica … O estádio, os estúdios da Benfica TV, o campus da Academia. Senti-me muito bem-vindo e isso parecia muito normal para um novo acionista.”
Quer a reunião no hotel, quer o encontro no escritório de Santos foram objeto da vigilância do MP e da AT. Os investigadores pretendiam registar as ligações entre Vieira e Santos e perceber o nível de envolvimento do ex-presidente das águias no negócio para a compra das ações da Benfica SAD.
O contrato promessa de compra e venda celebrado entre o ‘Rei dos Frangos’ e Textor consistia neste negócio: o norte-americano investia 50 milhões de euros na compra de 25% do capital da Benfica SAD, gerando um lucro potencial de 30 milhões de euros. Para ter uma participação de 25%, Santos tinha de adquirir ações a outros acionistas individuais da Benfica SAD, como o próprio Vieira e
José Guilherme, empresário da Amadora (ver infografia). Vieira terá dito que venderia as suas ações, mas teria de falar primeiro com a direção do Benfica. Caso o negócio fosse concretizado, Santos receberia 32 milhões de euros e Vieira receberia 6,48 milhões de euros.
Para o MP, Vieira “contribuiu para esse negócio, não só mantendo a sua confidencialidade face aos sócios do Benfica, como aliciando outros acionistas a transmitirem a sua posição ao José António dos Santos.”n
ENCONTRO OCORREU NO DIA SEGUINTE À REUNIÃO NO HOTEL RITZ, EM LISBOA
INVESTIGAÇÃO DEFENDE QUE VIEIRA MANTEVE EM SEGREDO O NEGÓCIO