Correio da Manhã Weekend

Combustíve­is e lucros da Galp disparam

- EUGÉNIO ROSA Economista

Os preços da gasolina e do gasóleo no nosso país, que já eram dos mais elevados da União Europeia (entre 27 Estados-membros, Portugal na gasolina ocupava a 5ª posição com preço mais elevado, e no gasóleo a 6ª posição), dispararam e também os lucros das petrolífer­as. Segundo a Direção-Geral de Energia (DGE), entre dezembro de 2020 e maio de 2021, o preço do gasóleo sem incluir impostos aumentou 22% (subiu 0,11 euros por litro), enquanto o preço com impostos subiu 10,9% (os impostos só aumentaram 0,026 euros por litro, quatro vezes menos em euros). Em relação à gasolina, o aumento foi de 34% no preço sem impostos (mais 0,16 euros por litro) e de 14,2% no preço de venda ao público (os impostos subiram 0,038 euros por litro, também quatro vezes menos). Não foi o aumento de impostos que fez disparar os preços dos combustíve­is.

Após maio, os preços continuara­m a subir. Em maio, o preço de venda ao público da gasolina 95, segundo a DGE, era 1,676 euros por litro, mas, no dia 21/7/2021, tive de pagar no posto da Repsol, nas Olaias, em Lisboa, 1,849 euros por litro (mais 32% do que em dezembro de 2020).

Os lucros das petrolífer­as dispararam atingindo níveis de escândalo. Os resultados líquidos da Galp, só no 1º trimestre de 2021, foram de 189 milhões de euros. Mas se incluirmos as diferenças cambiais, sobem para 433 milhões de euros em apenas três meses. Em 2020, a Galp distribuiu aos seus acionistas 290,2 milhões de euros. E isto acontece porque o Governo e o regulador nada têm feito.

Perante este escândalo, o Governo viu-se obrigado a anunciar que vai criar uma lei para “fixar margens máximas de comerciali­zação dos combustíve­is, por um ou dois meses, quando estas forem “inusitadam­ente altas”. Mas o que é urgente é reduzir as margens escandalos­as das petrolífer­as e não apenas por um ou dois meses.n

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