Catarina Furtado A URGÊNCIA DO AMOR
Pode parecer piegas. Que pareça. O novo programa da RTP dá vinte a zero a tantos outros que exploram, a todo o custo, a desgraça alheia. Em ‘É Urgente o Amor’ o protagonista é precisamente o amor. Sem malabarismos ou truques rasteiros para prender os telespectadores, Catarina Furtado traz o maior dos afectos na sua multifacetada concepção; matrimónios felizes que duram meio século, a ligação forte, que vai além do sangue, e que une filho e pais adoptivos, amizades sinceras, amigos irmãos. São biografias e histórias comuns, que podem passar despercebidas dos olhos, dos nossos olhos, verdades boas que damos por certas e que, sabe-se lá porquê, nos dispensam atenção. A ideia é, ao que transmite, destacar, aliás, valorizar, o que foi definido por Sócrates - o de Atenas e não o da Ericeira – como sendo a busca da beleza e do bem. Não mente, o programa que é difundido no horário nobre das 21h00, quando se apresenta sincero, emotivo e inspirador, palco de celebração do amor em mil milhões de formas. Surpreender e ser surpreendido, e distribui esperança: ninguém fica de fora desta expedição que pretende engrandecer o melhor de nós. É capaz de mudar vidas, porque fomenta e planta dois substantivos que se tornaram raros em televisão: gratidão e empatia. Vai ao encontro de gente que não enterrou o cóccix no sofá na expectativa de alguém lhes dizer obrigadinho ou de serem presenteados com o inesperado. Diz Catarina Furtado, “Todas as surpresas são feitas por paixão, convicção, amor e por acharem que é o certo”. A pandemia quis levar, às vezes, levou mesmo, a prática do amor. Os braços fecharam e as bocas também. A Covid-19 retrai a demonstração física dos sentimentos. O medo. É o medo. No ‘É Urgente o Amor’, a apresentadora, e autora, sabe destronar a consciência da ameaça com uma hora de lição pautada com o oxigénio cada vez mais vital. O amor.