AUDITORIA REVELA DIMENSÃO DO IMPÉRIO DE LUÍS FILIPE VIEIRA QUE É CONSTITUÍDO POR 33 EMPRESAS.
DADO r Auditoria revela dimensão do grupo económico do ex-presidente do Benfica BRASIL r Investimento previa dividendos de 269 milhões de euros
Luís Filipe Vieira tem um império com 33 empresas: 24 destas sociedades têm sede em Portugal, seis estão sediadas no Brasil e três têm atividade em
Moçambique. À cabeça do grupo do ex-presidente do Benfica, surge a Promovalor SGPS, holding que concentra os créditos mais elevados do antigo BES. Os ativos mais valiosos estão localizados no Brasil: no início de 2014, as projeções apontavam para que três projetos no nordeste brasileiro gerassem dividendos (parcela do lucro de uma empresa atribuída aos acionistas) de mais de 269 milhões de euros, que seriam utilizados no pagamento da dívida ao BES.
A composição do grupo económico de Vieira é revelada no relatório de auditoria que o Banco de Portugal mandou fazer a vários grandes devedores do BES, em 2013, no tempo de Ricardo Salgado: intitulado “Exercício transversal de revisão das imparidades dos créditos concedidos a certos grupos económicos” (ETRICC), o documento elaborado pela PricewaterhouseCoopers, faz uma radiografia à situação do grupo de Vieira na altura.
É através deste relatório, a que o CM teve acesso, que se tem a noção da dimensão e dos planos de investimento do grupo Promovalor. As empresas estão ligadas à promoção imobiliária e turística e têm atividade nas áreas residencial, serviços e resorts (ver infografia).
No organograma dessa altura, consta a participação de 10% detida pela Promovalor SGPS na Capital Criativo, que seria depois vendida. Em contrapartida, não aparece a Imosteps, empresa cuja dívida milionária ao Novo Banco foi comprada por José António dos Santos ao fundo Davidson Kempner. Na altura, o grupo económico do ex-presidente do Benfica tinha nove projetos de investimento: quatro em Portugal, três no Brasil e dois em Moçambique. O Brasil tem os projetos com mais valiosos. Ficam todos no estado de Pernambuco: Barra da Jangada; Reserva de Paiva; e Nova Agamenon.
O projeto na Barra da Jangada
NORDESTE BRASILEIRO É O GRANDE CENTRO DA ATIVIDADE FORA DO PAÍS
incluiu uma área empresarial, comercial, hotel, hospital, escolas e centros desportivos. Previa-se que gerasse dividendos de 201,54 milhões de euros.
A Reserva de Paiva foi desenvolvido num terreno no Recife, capital de Pernambuco: abrange uma área residencial, outra em
presarial e um hotel. Previa-se que gerasse dividendos de 58,8 milhões de euros. Já o projeto da Nova Agamenon prevê a construção de um complexo multiuso no centro empresarial do Recife: apartamentos, escritórios, hotel, hospital e espaços comerciais. Neste projeto, previa-se a
SOCIEDADES ATUAM NAS ÁREAS RESIDENCIAL, DE SERVIÇOS E RESORTS
obtenção de dividendos de cerca de 8,7 milhões de euros.
Quando foi ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco, Vieira disse que constituiu o grupo Promovalor com 35 milhões de euros de capitais próprios. E afirmou: “Foi dinheiro meu e não dos bancos.”n