Correio da Manhã Weekend

AUDITORIA REVELA DIMENSÃO DO IMPÉRIO DE LUÍS FILIPE VIEIRA QUE É CONSTITUÍD­O POR 33 EMPRESAS.

DADO r Auditoria revela dimensão do grupo económico do ex-presidente do Benfica BRASIL r Investimen­to previa dividendos de 269 milhões de euros

- ANTÓNIO SÉRGIO AZENHA

Luís Filipe Vieira tem um império com 33 empresas: 24 destas sociedades têm sede em Portugal, seis estão sediadas no Brasil e três têm atividade em

Moçambique. À cabeça do grupo do ex-presidente do Benfica, surge a Promovalor SGPS, holding que concentra os créditos mais elevados do antigo BES. Os ativos mais valiosos estão localizado­s no Brasil: no início de 2014, as projeções apontavam para que três projetos no nordeste brasileiro gerassem dividendos (parcela do lucro de uma empresa atribuída aos acionistas) de mais de 269 milhões de euros, que seriam utilizados no pagamento da dívida ao BES.

A composição do grupo económico de Vieira é revelada no relatório de auditoria que o Banco de Portugal mandou fazer a vários grandes devedores do BES, em 2013, no tempo de Ricardo Salgado: intitulado “Exercício transversa­l de revisão das imparidade­s dos créditos concedidos a certos grupos económicos” (ETRICC), o documento elaborado pela Pricewater­houseCoope­rs, faz uma radiografi­a à situação do grupo de Vieira na altura.

É através deste relatório, a que o CM teve acesso, que se tem a noção da dimensão e dos planos de investimen­to do grupo Promovalor. As empresas estão ligadas à promoção imobiliári­a e turística e têm atividade nas áreas residencia­l, serviços e resorts (ver infografia).

No organogram­a dessa altura, consta a participaç­ão de 10% detida pela Promovalor SGPS na Capital Criativo, que seria depois vendida. Em contrapart­ida, não aparece a Imosteps, empresa cuja dívida milionária ao Novo Banco foi comprada por José António dos Santos ao fundo Davidson Kempner. Na altura, o grupo económico do ex-presidente do Benfica tinha nove projetos de investimen­to: quatro em Portugal, três no Brasil e dois em Moçambique. O Brasil tem os projetos com mais valiosos. Ficam todos no estado de Pernambuco: Barra da Jangada; Reserva de Paiva; e Nova Agamenon.

O projeto na Barra da Jangada

NORDESTE BRASILEIRO É O GRANDE CENTRO DA ATIVIDADE FORA DO PAÍS

incluiu uma área empresaria­l, comercial, hotel, hospital, escolas e centros desportivo­s. Previa-se que gerasse dividendos de 201,54 milhões de euros.

A Reserva de Paiva foi desenvolvi­do num terreno no Recife, capital de Pernambuco: abrange uma área residencia­l, outra em

presarial e um hotel. Previa-se que gerasse dividendos de 58,8 milhões de euros. Já o projeto da Nova Agamenon prevê a construção de um complexo multiuso no centro empresaria­l do Recife: apartament­os, escritório­s, hotel, hospital e espaços comerciais. Neste projeto, previa-se a

SOCIEDADES ATUAM NAS ÁREAS RESIDENCIA­L, DE SERVIÇOS E RESORTS

obtenção de dividendos de cerca de 8,7 milhões de euros.

Quando foi ouvido na comissão parlamenta­r de inquérito ao Novo Banco, Vieira disse que constituiu o grupo Promovalor com 35 milhões de euros de capitais próprios. E afirmou: “Foi dinheiro meu e não dos bancos.”n

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Reserva do Paiva, no Recife
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