Correio da Manhã Weekend

PEDIDOS DE AJUDA DISPARARAM. DESEMPREGO, LAYOFF OU MUDANÇA DE CASA CRIAM DIFICULDAD­ES.

RAZÕES r Fatores como o desemprego, layoff ou mudança de habitação criam grandes dificuldad­es PROBLEMÁTI­CA r Animais de tutores que morreram acabam por constituir uma ‘herança’ pesada

- VANESSA FIDALGO

As famílias que ficaram sem meios financeiro­s para fazer face às despesas com os seus animais de estimação aumentaram 30% em 2020 e duplicaram este ano, segundo dados da Animal Life, a única associação em Portugal vocacionad­a para apoio específico a pessoas carenciada­s com cães ou gatos.

“O desemprego e o layoff levaram muitas pessoas a terem dificuldad­e em assegurar alimentaçã­o e sobretudo cuidados médico-veterinári­os. A mortalidad­e subiu e muitas pessoas ficaram com os animais de estimação de familiares falecidos, mas sem que tivessem condições para isso”, disse ao Correio da Manhã, Rodrigo Livreiro, presidente da Animal Life.

A tudo isto, juntou-se a problemáti­ca da perda de habitação. “As soluções de emergência, sejam as pensões pagas pela Santa Casa, sejam os abrigos, não permitem animais. Uma das grandes vitórias que conseguimo­s este ano foi que o Centro de Acolhiment­o do Casal Vistoso, em Lisboa, e as instalaçõe­s do antigo Centro Hospitalar Joaquim Urbano, no Porto, recebessem pessoas com cães ou gatos. Mas é difícil encontrar soluções até para quem quer arrendar uma casa ou um quarto.

A maioria dos senhorios não aceita” animais, lamenta o responsáve­l.

Por sua vez, Marisa Quaresma Reis, Provedora dos Animais de Lisboa, também já sentiu este problema em particular: “Pela primeira vez fomos contactado­s por Comissões de Proteção de Crianças e Jovens por causa de casos em que a criança é o principal tutor [de um animal doméstico], mas como houve uma alteração da sua vida ou da vida da família, já não pode tomar conta dele.” Em alguns casos, a provedora conseguiu encontrar soluções de acolhiment­o em que as crianças podem continuar a visitar os animais. Mas também ouviu muitas famílias a pedirem ajuda para “poder continuar a mantê-los”.n

PROBLEMAS DE PERDA DE CASA AUMENTARAM DIMENSÃO DE FENÓMENO

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Pandemia do novo coronavíru­s e os respetivos impactos sociais criaram uma série de novos desafios e dificuldad­es no que toca a animais de estimação

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