NÚMERO DE MORTOS IGUALA MARÇO
VINTE ÓBITOS NUM SÓ DIA. VACINAR CRIANÇAS DIVIDE ESPECIALISTAS
Oprimeiro-ministro, António Costa, quer 570 mil crianças e jovens entre os 12 e os 17 anos vacinados contra a Covid-19 até meados de setembro, mas a questão está longe de ser consensual. Pelo menos para a faixa etária dos 12 aos 15 anos. Um grupo de trabalho constituído por profissionais de saúde que trabalham na área pediátrica considera que, nessas idades, só as crianças com doenças associadas deviam ser vacinadas, em grande parte por causa do risco de contraírem miocardite – inflamação do músculo do coração –, que se observou em algumas crianças após a toma da vacina.
Mas até entre pediatras há quem discorde desta posição. Alberto Caldas Afonso, diretor do Centro Materno-Infantil do Norte, diz que acompanhou, nos últimos seis meses, 15 crianças infetadas com Covid-19, algumas das quais chegaram a estar internadas em Cuidados Intensivos. “Muito maior do que a miocardite, cuja incidência é muito diminuta, é o risco de desenvolver a síndrome inflamatória multisistémica, muito associada à infeção provocada pelo SARS-CoV-2 em crianças a partir dos 12 anos, e que tem um efeito gravíssimo, nomeadamente sobre o coração”, explica o especialista, que integra uma equipa europeia de investigação para a vacinação contra o novo coronavírus em crianças. “A discussão poder-se-á colocar em crianças abaixo dos 12 anos, mas acima dos 12 anos, esta é, quanto a mim, uma não questão. É para vacinar”, conclui.
Uma opinião partilhada por Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública. “Se é verdade que numa fase inicial não vacinámos crianças, agora, à escala global, vai havendo mais experiência e os dados dizem-nos que a vacina é segura”, disse ao CM, lembrando que a Comissão Técnica de Vacinação, “que é a entidade que deve fazer a fundamentação técnica sobre a matéria”, ainda não tomou posição definitiva sobre este assunto. A própria Direção-Geral da Saúde pediu duas semanas para avaliar o tema.n
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