Correio da Manhã Weekend

PSP DISPARA 617 BALAS PARA TRAVAR FESTA

INQUÉRITO AOS FESTEJOS DO SPORTING VISTO À LUPA

- CLÁUDIA MACHADO

r MUNIÇÕES de borracha usadas em sete horas quase dobram as gastas num ano r CÂMARA de Lisboa apoiou clube e ignorou vários alertas da polícia

No espaço de pouco mais de sete horas, os agentes da PSP destacados para os festejos do título nacional de futebol do Sporting fizeram um total de 617 disparos de armas de munições de menor letalidade (balas de borracha), entre a zona do Estádio de Alvalade e a praça do Marquês de Pombal, em Lisboa. Numa só noite dispararam quase o dobro dos tiros registados em todo o ano de 2018 - último sobre o qual a força de segurança divulgou este balanço. Nesse mesmo ano, a polícia reportou 345 disparos em ações policiais. Em 2017, tinham sido 456 disparos.

Um cenário, ao que os dados indicam, sem precedente­s no País,

IGAI DIZ QUE USO DE GÁS NÃO TEVE EFEITO DISSUASOR NA MULTIDÃO

sobretudo quando se analisa uma ‘janela’ de apenas 15 minutos: entre as 21h15 e as 21h30 de 11 de maio, os polícias dispararam 195 vezes na rua Professor Moniz Pereira, em frente ao estádio, onde decorreu a “manifestaç­ão” organizada pela claque Juventude Leonina. Isto significa que, em média, ocorreram 13 disparos por minuto. Tratou-se do intervalo do jogo com o Boavista.

Além do uso de armas de fogo, os agentes recorreram a gases para dispersar a multidão, “sem qualquer efeito dissuasor, o que é bem demonstrat­ivo da tensão que se aí acumulou e do nível de agressivid­ade a que a polícia teve de responder”, salienta o inquérito da Inspeção-Geral da Administra­ção Interna (IGAI).n

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Um dos vários momentos em que a polícia recorreu a disparos de balas de borracha para dispersar adeptos do Sporting durante os desacatos

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