Betão não dá saúde
As décadas de 80 e 90 foram marcadas pela construção das infraestruturas do recém-fundado SNS, num país onde faltava quase tudo. Hospitais, centros de saúde, ambulâncias, entre tantos outros equipamentos, são essenciais para o desenvolvimento das comunidades. Ainda há zonas do país onde estas infraestruturas não existem ou estão em estado avançado de degradação. O poder local tem chamado para si responsabilidades que são do governo e investido na construção do edificado. Mas investir apenas em betão não garante saúde aos cidadãos. O investimento público tem de ser orientado para as necessidades específicas da população.
PARA OS POLÍTICOS DOS ANOS 80 E 90 O BETÃO RESOLVIA
TUDO
Um centro de saúde sem médicos é apenas um edifício vazio que não serve as pessoas. Num município com elevada taxa de mortalidade infantil, ou com elevada prevalência de doenças cardiovasculares ou diabetes, por exemplo, devem os investimentos ser orientados para garantir a contratação dos profissionais de saúde e meios especializados capazes de responder a esses problemas. Os desafios de saúde pública resolvem-se com médicos de família, garantindo consultas, cirurgias e exames a tempo e horas, com acesso a medicamentos, e com programas de rastreio e de promoção da saúde eficazes. Para os políticos dos anos 80 e 90 o betão resolvia tudo. Esse tempo já passou.n