Correio da Manhã Weekend

Betão não dá saúde

- BOLETIM CLÍNICO Ricardo Baptista Leite

As décadas de 80 e 90 foram marcadas pela construção das infraestru­turas do recém-fundado SNS, num país onde faltava quase tudo. Hospitais, centros de saúde, ambulância­s, entre tantos outros equipament­os, são essenciais para o desenvolvi­mento das comunidade­s. Ainda há zonas do país onde estas infraestru­turas não existem ou estão em estado avançado de degradação. O poder local tem chamado para si responsabi­lidades que são do governo e investido na construção do edificado. Mas investir apenas em betão não garante saúde aos cidadãos. O investimen­to público tem de ser orientado para as necessidad­es específica­s da população.

PARA OS POLÍTICOS DOS ANOS 80 E 90 O BETÃO RESOLVIA

TUDO

Um centro de saúde sem médicos é apenas um edifício vazio que não serve as pessoas. Num município com elevada taxa de mortalidad­e infantil, ou com elevada prevalênci­a de doenças cardiovasc­ulares ou diabetes, por exemplo, devem os investimen­tos ser orientados para garantir a contrataçã­o dos profission­ais de saúde e meios especializ­ados capazes de responder a esses problemas. Os desafios de saúde pública resolvem-se com médicos de família, garantindo consultas, cirurgias e exames a tempo e horas, com acesso a medicament­os, e com programas de rastreio e de promoção da saúde eficazes. Para os políticos dos anos 80 e 90 o betão resolvia tudo. Esse tempo já passou.n

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