No fim do campeonato o que conta é estar à frente dos adversários
Não fosse o epifenómeno representado pelo processo público ao ex-presidente do Benfica, e o mundo correria, como até aqui, da frente para trás. Porém, a avalanche de dados, factos, suspeitas, acusações e merecidos infortúnios reunidos nas peças judiciais e jornalísticas entretanto produzidas podem significar uma relativa alteração nessa corrente em matéria desportiva – é provável que alguma coisa aconteça. Mas sou dos mais céticos; haverá sempre uma forma de prolongar a agonia.
Seja como for, o FC Porto enfrenta uma época singular – e, para os adeptos, decisiva. Distraído do essencial, o FC Porto subvalorizou aquilo para que nesta mesma coluna, há um ano, foi avisado: o potencial de um adversário mais ou menos discreto, entregue a um treinador mais ou menos discreto e a uma equipa mais ou menos discreta. Subvalorizar o Sporting e perder-se em devaneios de guerrilha (ou seja, ignorar o futebol) foi fatal – Sérgio Conceição está duplamente avisado: o que conta é o futebol efetivamente jogado e, sobretudo, os jogos devidamente ganhos. Brandir o “contra tudo e contra todos” tem um certo efeito de espetáculo; mas, no final, o que conta é estar à frente dos adversários e não “ter razão” (tendo-a mesmo) em matéria de guerrilha. A única guerra aceitável é a que fará do FC Porto um campeão indiscutível. O resto são questões para entregar à discussão das cartilhas. Com várias (pelo menos três) equipas à altura para combater, e todas dispostas a jogar noventa minutos, nada de distrações. Até lá, por favor, silêncio e discrição. Sabem do que se trata.
SUBVALORIZAR O SPORTING E PERDER-SE EM DEVANEIOS DE GUERRILHA FOI FATAL