Correio da Manhã Weekend

“Dor das pessoas continua presente”

Assassinad­os diretor-geral dos serviços prisionais e inspetor da PJ LISTA r Empresário­s também não escaparam à fúria terrorista. Administra­dor das Louças de Sacavém foi o primeiro

- MÓNICA PALMA/PAULO JOÃO SANTOS

Gaspar Castelo-Branco, diretor-geral dos serviços prisionais, e Álvaro Militão, inspetor da Polícia Judiciária. O primeiro foi morto no meio da rua, com um tiro na nuca. Tinha 53 anos. O segundo morreu durante uma perseguiçã­o. Tinha 24 anos. A bala que o atingiu acertou-lhe no coração.

“O meu pai foi ameaçado e andava com segurança nos dias de semana. Para não causar transtorno à família, entendia que ao fim de semana não era preciso. Foi um erro. Foi a um sábado que foi morto”, recorda, ao CM/CMTV o filho de Gaspar Castelo-Branco, Manuel. “A dor das pessoas continua presente. As pessoas podem ter arrumado mais à esquerda ou mais à direita, mas a dor e o sentimento de injustiça continuam presentes”, acrescenta Manuel Castelo-Branco. “As vítimas foram deixadas à sua mercê. Ninguém se preocupou com o seu estado, de que tipo de ajuda poderiam precisar. E, depois, há um segundo momento de revolta, quando assistimos ao Estado a branquear todas estas ações terrorista­s, de Otelo e restantes”, diz o filho desta vítima das FP-25.

É com lágrimas que Manuel Rodrigues, ex-inspetor da PJ, que participou em operações de detenção de operaciona­is das FP-25, recorda a morte de Militão. “Aquele rapaz, ainda jovem, pai de uma criança de um ano e com a mulher grávida, morreu ali ”, diz emocionado. “Na primeira aproximaçã­o, eles já estão fora do carro, de arma na mão, um deles com uma granada. Mais tarde, recebemos, via rádio, a notícia de que o Militão não tinha resistido à troca de tiros”, conta. Cercados, os terrorista­s acabaram por se entregar. A criança de quem a mulher de Militão estava grávida morreu um ano depois.

Da lista de vítimas mortais das FP-25 constam também empresário­s. O primeiro a morrer às mãos das FP-25 foi o administra­dor das Louças de Sacavém. “Também participei na coordenaçã­o dessa ação”, assume José Ramos. Esteve presente?, questionou o CM/CMTV. “Isso eu não digo. O que eu digo é que foram cinco pessoas, um deu o tiro”, afirma José Ramos. “Morreram ‘n’ pessoas por causa dele. Fez uma fraude, descapital­izou aquela empresa para montar outra. Foi avisado de que não o fizesse”, concluiu.n

OPERACIONA­L DAS FP-25, JOSÉ RAMOS, DIZ QUE EMPRESÁRIO FOI AVISADO

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Gaspar Castelo-Branco foi abatido a tiro na rua. Andava com seguranças nos dias de semana. Foi morto a um sábado

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