PGR em silêncio sobre Proença de Carvalho
SILÊNCIO r Procuradoria não responde a pedido de informações sobre inquérito em curso, que já passou pelas mãos de três procuradores DINHEIRO r Aplicação financeira no valor de 11 milhões foi feita no Luxemburgo e está a levantar suspeitas
Seis dias depois de o CM ter divulgado a existênciade uma investigação a Proença de Carvalho, suspeito de fraude fiscal e branqueamento de capitais depois de ter sido detetada uma aplicação financeira de mais de onze milhões de euros no Luxemburgo, a Procuradoria-Geral da República continua sem confirmar a investigação a um dos homens mais influentes e poderosos do País.
O CM tem insistido, desde a última terça-feira, mas sem obter qualquer resposta da Procuradoria.
Ao contrário do que aconteceu com os outros inquéritos que derivaram do processo Fizz, em que Lucília Gago confirmou a existência de duas investigações a Proença, suspeito também de corrupção, no caso do Luxemburgo insiste estranhamente em manter o silêncio. E dificilmente poderá dizer que não tem conhecimento do processo, já que até agora envolveu a ação de três procuradores.
A 16 de março o procurador Rosário Teixeira, responsável pela acusação da operação Marquês, mandou registar o caso como inquérito. Dois dias depois, a 18 de março, foi distribuído a dois procuradores. Um deles, sabe o CM, é Rui Correia Marques, o mesmo procurador que arquivou o caso que ficou conhecido como Tecnoforma e que envolveu o então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e o ex-secretário de Estado Miguel Relvas. Foi também este procurador quem arquivou o inquérito que investigava o ajuste direto de navios à Martifer durante o governo de Passos Coelho.
Durante estes meses já foram feitas várias diligências, como a quebra do sigilo bancário e fiscal.
O CM sabe que já terão sido pedidas informações ao banco Atlântico Europa sobre extratos de contas de Proença de Carvalho. As contas da Interoceânico
Capital SGPS SA, uma das sociedades que estão ligadas a Proença e ao banqueiro angolano Carlos Silva, estão também a ser passadas a pente fino pelos investigadores.
Terão sido também já pedidos ao BCP os extratos bancários de Proença de Carvalho. A tudo isto soma-se ainda a investigação que já está a ser feita a várias empresas sediadas em
Ferreira do Alentejo, Beja e Lisboa, entre as quais a Empresa Agrícola do Freixo S.A., com sede em Ferreira do Alentejo, cuja administradora é a mulher de Proença de Carvalho.
A Procuradoria-Geral da República não só não pode dizer que não existe nenhuma investigação, como também não pode dizer que desconhece a existência deste processo.n
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