Correio da Manhã Weekend

Medidas de alívio com sabor agridoce

COVID-19 r A partir de hoje espetáculo­s podem aumentar a lotação e realizar-se até às 02h00, mas setor diz que a medida já chega muito tarde PREJUÍZOS r Este ano já há quebras de 82 por cento

- MIGUEL AZEVEDO

Os espetáculo­s culturais podem, a partir de hoje, realizar-se até às 02h00 e aumentar as lotações dos atuais 50% para os 66%. As medidas de alívio das restrições, anunciadas quinta-feira pelo Governo, trazem, no entanto, “um misto de sentimento­s” ao setor, diz Álvaro Covões, da Associação de Promotores de Espetáculo­s Festivais e Eventos (APEFE), que quarta-feira tinha enviado uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, a solicitar precisamen­te as lotações a cem por cento e a liberaliza­ção dos horários. “A coisa boa é que houve uma evolução, a coisa má é que achávamos que podíamos ir já aos cem por cento”, desabafa o empresário, que, apesar das medidas, recorda que é impossível salvar o que já está perdido. “Não nos podemos esquecer que tivemos dois verões sem trabalho.”

Rafaela Ribas, da Associação Espetáculo (agentes e produtores), refere que “estas medidas chegam depois da época alta dos espetáculo­s” e que, apesar de serem “boas notícias e de darem algum alento”, não possibilit­am a imediata recuperaçã­o do setor. “A nossa retoma não começa agora, mas só no próximo verão.” Por isso, sublinha a importânci­a das ajudas

Segundo as medidas de alívio, a lotação dos espetáculo­s vai aumentando gradualmen­te, passando para 75% em setembro e para 100% em outubro.

Festas e romarias

As festas e romarias continuam proibidas, pelo que dezenas de empresas e centenas de técnicos que se dedicam a esta área continuarã­o parados.

Testes ou certificad­o

A apresentaç­ão de certificad­o digital ou teste negativo são obrigatóri­os em espetáculo­s com 500 pessoas (fechados) e mais de 1000 (ambiente aberto).

“como a extensão das moratórias até junho de 2022, apoios à tesouraria a fundo perdido ou a extensão do Garantir Cultura”, caso contrário “empresas e agentes não vão sobreviver”.

Pedro Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE), refere que as medidas “pecam por tardias e que podiam ter sido anunciadas mais cedo. O Governo apoiou-se muito nos especialis­tas, mas não quis ter em conta, por exemplo, os eventos-piloto que eram testes práticos e fiáveis e dos quais ainda nem sabemos os resultados”. Por outras palavras, podiam ter-se evitado os números que hoje mancham o setor. “Este ano as quebras já vão nos 82%”, diz.n

SETOR DIZ QUE RETOMA SÓ DEVERÁ COMEÇAR NO VERÃO DO PRÓXIMO ANO

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Espetáculo­s vão passar a ter mais público a partir de hoje, mas lotação total só lá para outubro

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