Medalha de lata
Os japoneses guardaram um minuto de silêncio em memória das vítimas da bomba atómica em Hiroshima, a 6 de agosto de 1945. Terão morrido 140 mil pessoas 70 a 80 mil instantes após a explosão, as restantes nos cinco meses seguintes, números conservadores. A Little Boy foi largada de um bombardeiro B-29, o Enola Gay, tendo rebentado a 600 metros do chão. “Às 8h14 era um dia de sol, às 8h15 era um inferno”, diz Kathleen Sullivan, diretora de um organização que compilou relatos de sobreviventes. Nunca nada provocou semelhante destruição. Efeitos ainda hoje são visíveis. Foram cometidas inúmeras atrocidades na guerra de 1939-1945, dos campos de extermínio nazis ao bombardeamento de Dresden, mas Hiroshima e Nagasaki (três dias e três horas depois) estão noutro patamar. Lembrar as vítimas é refletir sobre o Mundo que queremos e não queremos.
Realizando-se as olimpíadas em Tóquio, era natural que os atletas presentes na competição e os responsáveis pela organização do evento se associassem à homenagem. Assim não entendeu o Comité Olímpico Internacional. Não há pódio para tamanha falta de sensibilidade e respeito, mas há medalha: a de lata.n