Lares de idosos querem terceira dose da vacina
PREOCUPAÇÃO r Aumento de casos lança alerta, mas autoridades de saúde dizem que ainda é cedo
Os responsáveis dos lares de idosos querem que seja administrada a terceira dose da vacina contra a Covid-19 aos funcionários e utentes, para travar o aumento de surtos, mas as autoridades de saúde consideram que é prematuro avançar-se para esta medida.
Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, defende a administração da terceira dose, como foi decidido, por exemplo, em França. Já Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, considera essencial a realização de testes de imunidade “em larga escala” a todos os utentes, pois a vacina “sendo muito importante, não é 100% eficaz e sobretudo não é 100% eterna”. Lino Maia acrescenta que depois dessa “bateria de testes” deve ser feita uma avaliação e ponderar a “possibilidade de uma terceira toma da vacina”, defendendo ainda a necessidade de tornar obrigatória a vacina contra a Covid para todos os que trabalham com os mais vulneráveis.
No entanto, o Governo diz que para já não é para avançar para a terceira dose da vacina nos lares. “Não devemos abrir expectativas em relação a algo que ainda não está sobre a mesa. Precisamos de robustez científica, precisamos de dados devidamente consolidados e só depois podemos ouvir os nossos organismos técnicos, nomeadamente a Direção-Geral da Saúde (DGS) e depois, em conformidade com as decisões tomadas com o órgão técnico, podermos planear e atuar”, disse ontem o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales. Posição partilhada pelo coordenador da task force do Plano de Vacinação, Henrique Gouveia e Melo. “Não há evidência científica neste momento para dizer que a terceira dose é necessária”, pelo que não se deve “começar a criar uma imagem que vem aí qualquer coisa e temos de ir já para uma terceira dose”.
Atualmente, de acordo com os números mais recentes divulgados pela Direção-Geral da Saúde, há 53 surtos em lares de
idosos, com 829 casos de infeção. Cerca de mil utentes e 2100 funcionários, de um universo de 99 mil idosos e 61 mil trabalhadores, ainda não receberam a1ª dose da vacina – na maior parte dos casos trata-se de idosos que foram infetados e que ainda não completaram os seis meses após a infeção, ou funcionários que começaram a trabalhar recentemente nas instituições e que não foram vacinados anteriormente. Desde o início da vacinação, já foram vacinados com pelo menos uma dose 2 324 843 pessoas com 65 ou mais anos, das quais 2 217 576 têm a vacinação completa.n
Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, duvida da eficácia da massificação de testagem em lares. “Não sei até que ponto neste momento faz sentido massificar a testagem. Têm de se manter as medidas de proteção, mas não é claro que neste momento isso [massificação dos testes] possa ser muito vantajoso.”
Alentejo com oito surtos
A maioria dos 68 casos de Covid-19 identificados nos oito surtos ativos em lares do Alentejo diz respeito a pessoas “assintomáticas ou com quadros muito ligeiros” da doença, revelou Pedro Ferreira, delegado de saúde regional adjunto.
94 mil autoagendados
Até às 17 horas de ontem cerca de 94 mil jovens de 16 e 17 anos já se tinham proposto ao autoagendamento, cuja vacinação decorre no próximo fim de semana. O autoagendamento para estas faixas etárias decorreu até às 23h59 de ontem.
RECLAMADOS TESTES DE IMUNIDADE DE LARGA ESCALA AOS UTENTES
GOVERNO E ‘TASK FORCE’ CONSIDERAM QUE É CEDO AVANÇAR COM A 3ª DOSE