Correio da Manhã Weekend

Lares de idosos querem terceira dose da vacina

PREOCUPAÇíO r Aumento de casos lança alerta, mas autoridade­s de saúde dizem que ainda é cedo

- EDGAR NASCIMENTO

Os responsáve­is dos lares de idosos querem que seja administra­da a terceira dose da vacina contra a Covid-19 aos funcionári­os e utentes, para travar o aumento de surtos, mas as autoridade­s de saúde consideram que é prematuro avançar-se para esta medida.

Manuel Lemos, presidente da União das Misericórd­ias Portuguesa­s, defende a administra­ção da terceira dose, como foi decidido, por exemplo, em França. Já Lino Maia, presidente da Confederaç­ão Nacional das Instituiçõ­es de Solidaried­ade, considera essencial a realização de testes de imunidade “em larga escala” a todos os utentes, pois a vacina “sendo muito importante, não é 100% eficaz e sobretudo não é 100% eterna”. Lino Maia acrescenta que depois dessa “bateria de testes” deve ser feita uma avaliação e ponderar a “possibilid­ade de uma terceira toma da vacina”, defendendo ainda a necessidad­e de tornar obrigatóri­a a vacina contra a Covid para todos os que trabalham com os mais vulnerávei­s.

No entanto, o Governo diz que para já não é para avançar para a terceira dose da vacina nos lares. “Não devemos abrir expectativ­as em relação a algo que ainda não está sobre a mesa. Precisamos de robustez científica, precisamos de dados devidament­e consolidad­os e só depois podemos ouvir os nossos organismos técnicos, nomeadamen­te a Direção-Geral da Saúde (DGS) e depois, em conformida­de com as decisões tomadas com o órgão técnico, podermos planear e atuar”, disse ontem o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales. Posição partilhada pelo coordenado­r da task force do Plano de Vacinação, Henrique Gouveia e Melo. “Não há evidência científica neste momento para dizer que a terceira dose é necessária”, pelo que não se deve “começar a criar uma imagem que vem aí qualquer coisa e temos de ir já para uma terceira dose”.

Atualmente, de acordo com os números mais recentes divulgados pela Direção-Geral da Saúde, há 53 surtos em lares de

idosos, com 829 casos de infeção. Cerca de mil utentes e 2100 funcionári­os, de um universo de 99 mil idosos e 61 mil trabalhado­res, ainda não receberam a1ª dose da vacina – na maior parte dos casos trata-se de idosos que foram infetados e que ainda não completara­m os seis meses após a infeção, ou funcionári­os que começaram a trabalhar recentemen­te nas instituiçõ­es e que não foram vacinados anteriorme­nte. Desde o início da vacinação, já foram vacinados com pelo menos uma dose 2 324 843 pessoas com 65 ou mais anos, das quais 2 217 576 têm a vacinação completa.n

Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, duvida da eficácia da massificaç­ão de testagem em lares. “Não sei até que ponto neste momento faz sentido massificar a testagem. Têm de se manter as medidas de proteção, mas não é claro que neste momento isso [massificaç­ão dos testes] possa ser muito vantajoso.”

Alentejo com oito surtos

A maioria dos 68 casos de Covid-19 identifica­dos nos oito surtos ativos em lares do Alentejo diz respeito a pessoas “assintomát­icas ou com quadros muito ligeiros” da doença, revelou Pedro Ferreira, delegado de saúde regional adjunto.

94 mil autoagenda­dos

Até às 17 horas de ontem cerca de 94 mil jovens de 16 e 17 anos já se tinham proposto ao autoagenda­mento, cuja vacinação decorre no próximo fim de semana. O autoagenda­mento para estas faixas etárias decorreu até às 23h59 de ontem.

RECLAMADOS TESTES DE IMUNIDADE DE LARGA ESCALA AOS UTENTES

GOVERNO E ‘TASK FORCE’ CONSIDERAM QUE É CEDO AVANÇAR COM A 3ª DOSE

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População acima dos 65 anos é a que tem a maior taxa de vacinação: 99% já receberam pelo menos uma dose da vacina

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