Correio da Manhã Weekend

Tribunal ignora risco e força menor a estar com suspeito

TERROR r Queixosa de violência doméstica viu tribunal ilibar o ex-companheir­o. Alega que este depois a ameaçou com fotos e facas ALERTAS r Magistrado­s não deram relevo ao risco para a vítima destacado pela PSP e pela APAV em vários processos

- JOÃO CARLOS RODRIGUES

Uma caixa com fotos da filha de sete anos e duas facas no interior. Este foi apenas o último episódio denunciado por uma mulher, que alega ter sofrido terror às mãos do ex-companheir­o e pai da menina. As queixas foram feitas ao longo do tempo, as entidades competente­s agiram e tentaram proteger mãe e filha, mas quando os processos chegaram ao Tribunal Judicial de Loures caíram por terra. O agressor chegou a ser julgado, mas acabou absolvido. Logo a seguir terá voltado a perseguir a ex-companheir­a, denuncia esta, ao mesmo tempo que o tribunal dava ordem para a menina ser entregue ao pai.

De acordo com os autos das várias queixas, a violência sofrida pela mulher começou pouco depois do nascimento da filha e foi-se agravando desde então. Os insultos terão passado às agressões e a mulher quis pôr fim à relação, em 2018. O companheir­o não terá aceite a decisão e a violência agravou-se. A esta juntaram-se as ameaças de que raptaria a menina e desaparece­ria.

Estes episódios de violência foram relatados com pormenor na acusação formulada pelo Ministério Público – em que se demonstra que algumas das alegadas ameaças foram feitas logo a seguir a sessões sobre a regulação do poder parental da filha de ambos.

Durante todo este período, a mulher recorreu à Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV), à PSP, ao Espaço Vida e está com o sistema de teleassist­ência ativado há três anos, um dos mais antigos do País. Todos concordam que ela e a filha vivem numa situação de risco com consequênc­ias imprevisív­eis. O medo já levou a mulher a mudar de casa várias vezes e a nunca permanecer muito tempo no mesmo sítio.

No entanto, num dos processos, o ex-companheir­o foi absolvido, decisão que motivou o arquivamen­to de outro processo e o Tribunal de Família e Menores decidiu que o homem também tinha direito a estar com a menina. Há outro processo ainda em curso.

No dia seguinte à absolvição, sabe o CM, a mulher foi atacada e acabou no hospital.n

CASAL EM LUTA PELA FILHA DURANTE CASO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

VÍTIMA TEM SISTEMA DE TELEASSIST­ÊNCIA ATIVO HÁ MAIS DE TRÊS ANOS

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 ??  ?? Denúncias por parte da mulher descrevem o homem como violento desde o nascimento da filha de ambos. Foi absolvido, mas ainda há processos a decorrer
Denúncias por parte da mulher descrevem o homem como violento desde o nascimento da filha de ambos. Foi absolvido, mas ainda há processos a decorrer

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