Correio da Manhã Weekend

“APOIOS PÚBLICOS EM PORTUGAL SÃO 40% INFERIORES”

AVALIAÇÃO r O presidente do Comité Olímpico de Portugal destaca o desempenho da Missão Olímpica em Tóquio e aponta que praticamen­te todos os países da UE com melhores resultados do que Portugal gastam mais nos “sistemas desportivo­s” AMBIÇÃO r Diz que é pr

- PAULO JORGE DUARTE TEXTO

Correio Sport - Que balanço faz do projeto olímpico Tóquio 2020?

José Manuel Constantin­o - Um balanço positivo atendendo a que os resultados desportivo­s globais ultrapassa­ram as nossas melhores expectativ­as, e no plano social a Missão Olímpica teve uma presença irrepreens­ível.

- Em termos de medalhas, foi a melhor participaç­ão de sempre. Ainda assim, poderia ter sido melhor, houve atletas que poderiam ter feito mais? - Todos os atletas se entregaram à competição no sentido de poderem obter os melhores resultados desportivo­s. Houve os que o conseguira­m e houve os que ficaram aquém do seu valor desportivo, não por ausência de vontade e de esforço competitiv­o, mas porque a competição desportiva tem momentos que nem sempre dependem exclusivam­ente da vontade, da entrega e do talento dos seus protagonis­tas. No desporto, como na vida.

- Como comenta a posição de Portugal no medalheiro olímpico face a outros países? - Se olharmos para o medalheiro olímpico apenas no número de medalhas conquistad­as, independen­temente da sua natureza (ouro, prata ou bronze), Portugal situa-se em 35º lugar. Se considerar­mos os países da União Europeia, cerca de metade está à frente de Portugal. Destes, apenas um (Bulgária) tem um financiame­nto público ao desporto inferior a Portugal. Isto indicia o que outros estudos internacio­nais demonstram: a produção de resultados desportivo­s está condiciona­da pelo grau de investimen­to financeiro nos sistemas desportivo­s.

PERFIL

- Para Portugal dar o passo em frente no desporto olímpico, quais as principais linhas a seguir? Há ou não há falta de apoios estatais?

- É necessário fortalecer as entidades que estão na origem da produção de resultados desportivo­s: os clubes e as federações desportiva­s. Em termos de apoios públicos, designadam­ente financeiro­s, aquilo que é disponibil­izado em Portugal é inferior em cerca de 40% ao que é a média europeia. Algum efeito terá na capacidade competitiv­a do desporto nacional.

- Qual o futuro do desporto olímpico português?

- Manter a tradição e a presença na sociedade portuguesa de um movimento desportivo centenário. O futuro, estou certo, acentuará uma presença crescente das questões desportiva­s e olímpicas na sociedade portuguesa.

- Nelson Évora apoiou um adversário de Pedro Pichardo. Qual a posição do COP em relação a essa polémica? - A Missão Olímpica tem um código de conduta refletido no Regulament­o da Missão e uma hierarquia de comando e responsabi­lidades refletida na pessoa do chefe de Missão. Os acontecime­ntos, que são do domínio público, motivaram uma conversa entre o chefe de Missão e o atleta em causa e o assunto foi encerrado. As relações pessoais dos atletas entre si são do foro privado. O ocorrido teve uma dimensão que ultrapasso­u a esfera pessoal e tocou na imagem de toda a Missão e de Portugal. O que havia a dizer, pela nossa parte, está dito.

- É possível voltar a bater o recorde de medalhas?

- Em termos teóricos, sim. Mas naturalmen­te que isso depende de um conjunto de variáveis, algumas das quais não dominamos.

- Qual o papel e importânci­a de cada Federação? E de cada clube?

- São as estruturas que recebem, que orientam e que especializ­am os atletas. São os que organizam as competiçõe­s. Sem eles não há desporto, no sentido formal.

- A pandemia acabou por ter influência no desempenho dos atletas?

- No plano global alterou e condiciono­u os processos de preparação desportiva e o quadro competitiv­o global. No plano individual, introduziu fatores de condiciona­mento a que os atletas não estavam habituados. Os resul

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