AVO ENTREGA NETA A PREDADOR SEXUAL

VÍTIMA ABUSADA ENTRE OS 12 E OS 16 ANOS

Amenina tinha apenas 12 anos quando “foi largada no mundo de perversões do arguido [seu avô por afinidade, pois estava casado com a avó materna há 30 anos] e estava lá sozinha, abandonada e sem saber nada de sexualidade e empurrada para este pesadelo por alguém que devia cuidar de si e não cuidou”. As palavras dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça são duras para o pedófilo - rejeitando o seu recurso e confirmando a pena de 13 anos de prisão -, mas também para a avó da vítima, que a expôs durante quatro anos ao predador sexual, ao ordenar-lhe que dormisse na mesma cama que este.

JUÍZES CRITICAM MULHER E QUESTIONAM SE NÃO DEVIA SER INVESTIGADA

“Nem sequer se consegue encontrar adjetivação para o facto de uma avó colocar a dormir com o marido, que não é sequer avô, uma sua neta em idade de desenvolvimento do seu corpo, ficando ela própria noutro quarto”, lamentam os magistrados, que questionam mesmo se a mulher não deveria ter sido também responsabilizada pelo terror a que a neta esteve sujeita: “Pode perguntar-se se a investigação não devia mesmo ter ido mais longe neste aspeto, uma vez que todo este quadro sobre a determinação da avó para que dormisse com o arguido carecia talvez de melhor averiguação”.

Os ataques sexuais começaram quando a menor passou a pernoitar durante alguns fins de semana na casa dos avós. Pouco depois, algures em 2012, “e a pretexto de ser mais frio o quarto em que a menor dormia [ao lado do quarto onde dormia a avó e o arguido], a sua avó determinou que a menor passasse a dormir com o arguido, no quarto do casal, passando ela,

AVÓ, CASADA HÁ 30 ANOS COM O ARGUIDO, DORMIA NO QUARTO AO LADO

avó, a dormir no quarto ao lado”. Só havia uma cama de casal na divisão, que a vítima teve de partilhar com o homem. Inicialmente, a menina ficava com os avós aos fins de semana. A partir dos 13 anos e até aos 16, viveu permanentemente com eles. Mesmo quando já estava novamente na casa dos pais, continuava a ser deixada com o predador sexual de forma regular, assim como os seus três irmãos, quando os pais se ausentavam por motivos de trabalho.n

Menina começou a ser alvo de abusos sexuais aos 12 anos, quando dividia uma cama de casal com o avô por afinidade

Arguido disse à vítima que não queria ser apanhado com provas