Correio da Manhã Weekend

Mercado aberto interessa a quem?

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Ofutebol – entenda-se a ‘task force’ da chamada indústria pura e dura do futebol – continua a fazer orelhas moucas às vozes que se levantam contra a dilação do mercado de transferên­cias, cuja data de fecho se arrasta durante algumas semanas para lá da abertura do calendário competitiv­o. Este é um período crítico, com nervos à flor da pele, dentro e fora dos balneários. O que se passou no passado fim de semana em Famalicão, com Sérgio Conceição em choque com Luís Gonçalves, é um caso exemplar. O treinador descarrego­u no dirigente a sua frustração, após o golo do empate dos famalicens­es, lance entretanto revertido pelo árbitro. Ainda a quente, como é seu timbre, atribuiu depois as responsabi­lidades da jogada a um erro do defesa Zaidu, jogador que está no olho do furacão,

ESTE É UM PERÍODO

CRÍTICO, COM NERVOS À FLOR

DA PELE

pois o FC Porto quer comprar um lateral-esquerdo e isso, naturalmen­te, cria instabilid­ade em quem está a jogar. Para lá de outras razões que existam – e existem mesmo – para a altercação entre Conceição e Gonçalves, o que sobra disto é a razão que assiste ao treinador, quando desabafa sobre a instabilid­ade criada pelo mercado. Não deve ser fácil gerir um plantel em que a desconfian­ça campeia. Jogadores em campo, sem saber se vão ou se ficam, incertos sobre o seu futuro. Segredos táticos que se revelam a atletas que duas ou três semanas mais tarde podem estar do lado oposto do campo. Estratégia­s afinadas com atletas com determinad­os perfis, que depois deixam de fazer parte da equação. O futebol precisa de se recentrar no essencial: o jogo. O resto serve apenas para encher os bolsos de uns quantos.n

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