Correio da Manhã Weekend

Corrida aos remédios para melhorar sexo

DADOS Portuguese­s compram cerca de 1890 embalagens de medicament­os para a disfunção erétil por dia QUEIXAS São muito poucos os que reclamam que os fármacos não produzem o efeito pretendido

- ANA MARIA RIBEIRO/FRANCISCA GENÉSIO

Entre 2018 e 2020 foram vendidas em Portugal mais de dois milhões de embalagens de medicament­os contra a disfunção erétil (cerca de 1890 caixas por dia). Dos 2 063 923 embalagens foram relatadas 96 reações adversas, em 39 consumidor­es, mas a maioria das queixas prende-se com a “ineficácia” do fármaco. Os dados são da Autoridade Nacional do Medicament­o e Produtos de Saúde (Infarmed), que esclarece que “foram considerad­os para esta análise os medicament­os alprostadi­lo, sildenafil, tadalafil e vardenafil”. Os utilizador­es queixosos relataram também “disúria” (dificuldad­e ou dor ao urinar), “mal-estar geral” e “tontura”, todos efeitos secundário­s registados “dentro da frequência esperada e prevista no resumo das caracterís­ticas do medicament­o/folheto informativ­o para cada um dos fármacos”, garante o Infarmed.

Ao CM, o urologista Rui Sousa diz que o número de queixas é

“insignific­ante” e que a ineficácia “nem sequer pode ser classifica­da como reação adversa”.

“Se o medicament­o não funciona é porque se calhar foi prescrita a droga errada, para a pessoa errada, nascondiçõ­es erradas”, diz o especialis­ta, acrescenta­ndo que tomar medicação contra a disfunção erétil “não é como tomar aspirina”.

“Chegam-me ao consultóri­o pessoas que vêm comunicar um problema e procurar solução. E esta não é igual para todos, nem se resume à prescrição de um único fármaco. O tratamento depende de muitos fatores e tem de ser personaliz­ado.”n

QUEIXAS DA MEDICAÇÃO SÃO “INSIGNIFIC­ANTES”, GARANTE ESPECIALIS­TA

 ??  ?? Disfunção erétil afeta um em cada dez homens, garante um estudo científico norte-americano publicado em 2019. Problema tem cura
Disfunção erétil afeta um em cada dez homens, garante um estudo científico norte-americano publicado em 2019. Problema tem cura

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