“É UMA PORTA ABERTA AO TERRORISMO EM PORTUGAL”
Presidente do Sindicato dos Inspetores de Investigação, Fiscalização e Fronteiras critica a reestruturação do SEF
DEVIDO À GREVE PARCIAL, ATÉ AO FINAL DO MÊS HÁ FILAS NOS AEROPORTOS. OS PASSAGEIROS SÃO PREJUDICADOS. E O GOVERNO, O QUE PERDE?
Quem é que elege o Governo? Tem de haver sempre grupos prejudicados numa greve, caso contrário, não tinham efeito.
DE QUEM É A RESPONSABILIDADE DOS PREJUÍZOS DESTA PARALISAÇÃO?
É, na totalidade, do ministro da Administração Interna e da generalidade do Governo. Em processos de reestruturação, o Governo tem de ouvir as estruturas envolvidas. Tem de haver negociações. E, até ao momento, não sabemos o que vai ser do nosso futuro.
MAS EM JUNHO REUNIU-SE COM O GOVERNO E, NESSA ALTURA, DISSE QUE HAVIA UM SINAL DE ABERTURA. ESTAVA ILUDIDO?
Sim. Tentaram dar a ideia de diálogo. Fomos com uma mão cheia de nada e saímos com outra cheia de coisa nenhuma.
QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DA DISPERSÃO DE COMPETÊNCIAS POLICIAIS DO SEF PELA PJ, PSP E GNR?
As consequências vão ser muito graves para a segurança interna do País. Até as outras forças de segurança atingirem o mesmo grau de conhecimento e de ação vai demorar muitos anos.
É ENTÃO UMA PORTA ABERTA AO TERRORISMO E AO TRÁFICO HUMANO EM PORTUGAL?
Exatamente. Essas redes de crime organizado, quer de terrorismo quer de tráfico humano, estão sempre um passo à frente das polícias. E, neste momento, já somos a porta dos fundos da Europa em termos de entrada de migrantes.
E A GREVE NÃO PÕE EM CAUSA A SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS?
Não põe porque tivemos o cuidado de não fazer uma greve perturbadora. As coisas podem ser mais lentas, mas a segurança não é descurada.
HÁ VÁRIAS POLÉMICAS COM EDUARDO CABRITA. O MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA DEVERIA DEMITIR-SE?
Há muito tempo. Já não tem condições para exercer o cargo. Basta ver o tratamento que nos tem dado desde que se começou a falar na extinção do SEF. Por exemplo, retirou-nos do plano prioritário de vacinação contra a Covid-19 e há inspetores que todos os dias estão no controlo das fronteiras. E, perante este processo, recebemos no local de trabalho provocações de cidadãos menos formados: “Porque é que estou a ser controlado por vocês se vocês já não existem?”
“ Ministro é responsável pelos prejuízos desta greve