Correio da Manhã Weekend

Isolados

- BOLETIM CLÍNICO Ricardo Baptista Leite

Muitos dos que vivemos num mundo agitado, mergulhado­s na correria das grandes cidades, esquecemo-nos que infelizmen­te, num Portugal a duas velocidade­s, há milhares de cidadãos que vivem isolados sem terem o apoio que precisam. Em locais onde o tribunal já não existe, onde o centro de saúde já fechou e onde a última mercearia já não consegue abrir portas, muitos portuguese­s vivem isolados, deixados à sua própria sorte, sem acesso a cuidados de saúde dignos e dos meios necessário­s para plenamente viver as suas vidas. Ignorar não pode ser uma opção. O poder local, apoiado por estratégia­s nacionais, tem de responder

VIVER COM DIGNIDADE

TEM DE SIGNIFICAR MAIS DO QUE ALDEIAS E VILAS FANTASMAS

melhor, garantindo que os serviços continuam a chegar às casas daqueles que estão em situação de vulnerabil­idade. Quando tal não é possível, as estruturas de proximidad­e devem garantir uma rede de transporte­s mínima capaz de ligar a população às suas necessidad­es. Cuidar daqueles que mais precisam vai desde a sua saúde, à sua segurança e, no fundo, ao seu bem-estar. Falar de coesão territoria­l, tem de ser mais do que colocar dinheiro novo, sem estratégia, em problemas antigos. Em 2020 mais de 46 mil idosos viviam isolados. Viver com dignidade tem de significar mais do que aldeias e vilas fantasmas onde muitos responsáve­is locais nunca pisaram o seu chão.n

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