AMEAÇA EUA CONSIDERAM ELEVADO O RISCO DE NOVO ATAQUE
O presidente Biden recebeu alertas sobre planos para novos ataques nos dias que faltam até à retirada total após 20 anos de guerra
CASA BRANCA DIZ QUE A MISSÃO ENTROU AGORA NA FASE MAIS PERIGOSA
Em Cabul contam-se ainda os cadáveres das vítimas do atentado de quinta-feira no aeroporto e já as preocupações se centram no sério risco de novos ataques nos dias finais da retirada das forças multinacionais, que termina no dia 31. Mas, apesar das promessas de Joe Biden e dos aliados da NATO, milhares de afegãos que ajudaram o esforço de guerra vão ser deixados para trás.
Os números atualizados de vítimas davam ontem conta de pelo menos 79 afegãos mortos, a que se somam 13 militares dos Estados Unidos e três britânicos, um deles uma criança.
Mas pode haver novo massacre. “Os próximos dias desta missão serão o período mais perigoso até à data”, alertou ontem Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, após uma reunião de emergência do presidente dos EUA com responsáveis militares e de segurança.
Já na noite de quinta-feira o general Frank McKenzie, chefe do comando central dos EUA, alertava para novos riscos. McKenzie referiu especificamente a possibilidade de ataques com rockets, visando a multidão ou os aviões, e atentados com carros armadilhados. “Estamos a fazer tudo o que podemos para estar preparados”, afirmou, acrescentando que há trocas de informações com os talibãs. “Alguns ataques foram evitados por eles”, admitiu.
O massacre no aeroporto foi levado a cabo pelo ISIS-K, aliado do Daesh na região e inimigo dos talibãs, e visou a multidão que se aglomera no local à espera de lugar num avião. Novos dados dão conta de que houve apenas uma explosão e não duas, como se pensava inicialmente.
Ontem, os postos de controlo dos radicais nos acessos ao aeroporto foram reforçados depois de os norte-americanos redobrarem cuidados e retomarem a
evacuação. Apesar do ataque, na quinta-feira foram retiradas 12 500 pessoas do país. Mas muitos vão ficar. O Reino Unido admitiu que 1100 colaboradores afegãos não serão retirados e a Alemanha deixa para trás 5 mil. Os EUA têm igualmente 5400 ainda à espera. Mas, mesmo que esses viagem a tempo, ficarão para trás mais de 70 mil colaboradores afegãos dos EUA e os seus familiares.n