O estranho caso de Otávio
Ninguém duvida da importância de Otávio na estratégia do FC Porto de Sérgio Conceição. Também não há discussão sobre a legitimidade de Fernando Santos em chamá-lo à seleção. Tudo certo. Otávio tem a nacionalidade portuguesa, esperou pela conclusão do processo e é agora convocado para os jogos das próximas semanas. Mais discutível é a pertinência da escolha. E ainda bem. Afinal, fazer renascer o debate sobre quem é e quem não é convocado poderá ser uma forma simpática de aproximar os portugueses da equipa, num contexto que não o de uma grande competição. Lembro-me dos jogos de qualificação
A SELEÇÃO ERA UMA SELEÇÃO NO VERDADEIRO SENTIDO DA PALAVRA
para o Europeu de 2000, sobretudo aquele em que defrontámos a Roménia de Hagi. Foi dos primeiros que vi de Portugal. Nessa altura, havia um ambiente mágico à volta da equipa. Quem lá estava, merecia lá estar. A seleção era uma seleção no verdadeiro sentido da palavra. Não bastava ser bom. Era preciso ser acima de excelente. Os melhores jogadores juntavam-se. Infelizmente, a convocatória de Otávio não me deixa com essa sensação. É um bom jogador, não é um fora de série como Ronaldo, Pepe ou tantos outros. Estranho que tenha lugar nesta equipa. Tal como estranhei os inacreditáveis zero minutos de Pedro Gonçalves no Europeu. Ou a insistência em ignorar Ricardo Horta. Enfim, é a nova ‘seleção’.n