Correio da Manhã Weekend

Meu rico Benfica

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Cada treinador tem os seus métodos e todos os métodos são respeitáve­is desde que os resultados e os títulos apareçam. De preferênci­a, em catadupa. Rúben Amorim, por exemplo, com a Taça da Liga e com o título de campeão nacional, granjeou o respeito devido aos seus métodos e sobre isso não há nem pode haver discussão. Já Jorge Jesus, na temporada de 2020/2021 viu os seus métodos contestado­s pela opinião pública porque, em catadupa, o Benfica só obteve desilusões que começaram logo na Grécia frente ao modestíssi­mo PAOK. Portanto, à partida para 2021/2022, dando sempre primazia aos vencedores, tudo o que Rúben Amorim diz e faz tem crédito e tudo o que Jorge Jesus faz e diz estará sujeito ao crivo impiedoso da voz popular. É assim a vida pública das

TALVEZ DÊ BONS RESULTADOS ABRIR NOVA FASE RETÓRICA: NÃO HÁ MELHOR ELOGIO DO QUE A FALTA DE ELOGIO…

figuras do futebol, escravas dos resultados e das benesses da multidão.

Em privado as coisas passam-se de maneira bem diferente. Vá lá saber-se o que passou pela cabeça do guarda-redes do Benfica logo depois do jogo da 1ª mão com o PSV. Jorge Jesus considerou a sua exibição frente aos holandeses como “normal” quando o publicamen­te aceite como “normal” seria vir o treinador do Benfica tecer loas às intervençõ­es do guarda-redes grego, salvador da vitória tangencial e das esperanças para o jogo da 2ª mão ainda que essa profusão de elogios, que ficaram na gaveta, tivesse como resultado prático o reconhecim­ento, por parte de Jesus, de que o resto da equipa se foi abaixo das canetas e, entre elogiar 1 e não elogiar os outros 10, Jesus fez o que achou melhor para todos. A verdade é que, desde então, Odysseas ainda não parou de fazer boas exibições e – quem sabe? – talvez traga bons resultados ao Benfica abrir uma nova fase retórica em que “não há melhor elogio do que a falta de elogio” para espevitar o orgulho dos seus atletas.

O incidente Jesus-Odysseas trouxe instabilid­ade aos benfiquist­as que se dividiram entre os pró-Odysseas e os pró-Jesus mas, felizmente, o treinador do Sporting acabou por aparecer em socorro da união da nação vermelha ao proclamar que, no seu clube, “não há problemas” em elogiar guarda-redes. A afirmação de Rúben Amorim teve não só efeitos imediatos como agregadore­s para os lados da Luz. Uma coisa é embirrarmo­s com o treinador do nosso clube por isto ou por aquilo, outra coisa é vir o treinador do clube rival meter-se com o nosso treinador por isto ou por aquilo e isso é coisa que não se admite. Fica apenas por saber se Rúben Amorim disse o que disse por ser treinador do Sporting e querer tirar benefícios para o emblema do leão, ou se disse o que disse por ser um sócio do Benfica a querer resolver de uma vez por todas a situação entre o treinador e o guarda-redes do Benfica. Lá que a situação ficou resolvida, ficou.n

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